FAZER O BEM É BOM
Eles descobriram seu próprio jeito de construir um novo Brasil, mais solidário e menos
desigual. Por isso, são mais felizes. E você?
Numa noite gelada do invemo gaúcho, Gilmar e Cristina alcançaram sua casa
confortável em Porto Alegre, doidos para entrar e se aquecer. Entre eles e a porta havia
cinco meninos de rua unindo trapos e corpos para atravessar a noite ao relento. Não era a
primeira vez que o casal se confrontava com crianças abandonadas pelas ruas da cidade.
Daquela vez, porém, não foram capazes de saltar por cima delas. Por que não conseguiram
fechar a porta da casa deixando a dor alheia na calçada?
O advogado Gilmar Russa e a educadora Maria Cristina da Costa vão contar a história
da noite que mudou suas vidas nas páginas seguintes desta que não é apenas mais uma
reportagem de capa. ÉPOCA deseja que esta edição possa ser o momento na vida de cada
leitor - como tem sido para cada jornalista envolvido no projeto - de parar alguns minutos
para refletir sobre a pergunta correta: como alguém - eu, você, nós - consegue fechar a
porta diante da tragédia do outro?
Foi essa mesma pergunta que assaltou Gilmar e Cristina, divididos sobre a próxima
cena: entrar correndo em casa e esquecer o que viram - com a mesma facilidade com que
os vidros são erguidos nos sinais de trânsito - ou se comprometer com o frio dos cinco meninos
que nem sequer os olhavam com esperança, acostumados à indiferença. "Como podemos
deixar as crianças lá fora e dormir?", questionaram. Não um ao outro, mas a si mesmos, com
um pé no primeiro degrau e o outro na calçada.
A vida não muda ao som de trombetas ou com letreiros de néon piscando. Ela se
transforma assim, num instante banal. Gilmar e Cristina nem perceberam, foi tudo muito
rápido. O pé apoiado no degrau não os levaria apenas para dentro de casa, mas para um
tipo de destino. E o que teimava em ficar na calçada os carregaria para outro, totalmente
diverso. Cabia a eles - como cabe a cada um de nós - fazer a escolha. A reflexão proposta
por EPOCA é a pergunta seguinte de Cristina e Gilmar diante do impasse: "O que nos
podemos fazer? O que eu posso fazer?".
A partir desta edição, EPOCA vai publicar toda semana histórias de solidariedade. São
reportagens sobre brasileiros que não viraram as costas e escolheram algo que pode soar
pueril, mas cujo debate tem definido quem ou o que somos ao longo da História: fazer o
bem. Até março, ao abrir a revista o leitor conhecerá homens e mulheres, de todas as idades
e sotaques variados, que um dia se perguntaram sobre o que podiam dar para quem tinha
menos e, assim, tornar o Brasil um país mais justo e mais solidário. Como as melhores respostas
não estão prontas nem expostas em prateleiras, eles construíram a sua, do seu jeito. A
proposta editorial de mostrar o Brasil do bem faz parte de uma iniciativa de todas as revistas
da Editora Globo, batizada Projeto Generosidade. A partir desse projeto, o assunto entra
permanentemente em nossa agenda editorial.
Rubem Alves, escritor, filósofo, psicanalista, diz que "desejaria saber ensinar
solidariedade a quem nada sabe sobre ela". Mas como ensiná-la? - questiona. Ele afirma
que a solidariedade, assim como a beleza, não pode ser ensinada. Ambas são da ordem do inefável. Estão além das palavras. Diferentemente da astronomia, da física, da gramática, a
solidariedade não mora no mundo de fora, mas dentro do corpo, enterrada na carne, como
semente à espera". Não floresce "por mandamentos, mas por transbordamentos". "A
solidariedade é o sentimento que nos torna humanos. É um sentimento estranho, que
perturba nossos próprios sentimentos porque me faz sentir sentimentos que não são meus,
mas de um outro", afirma Alves. "Pela magia do sentimento de solidariedade, meu corpo
passa a ser morada do outro. É assim que acontece a bondade."
(Disponível na Revista Época - Edição 437 de 29/09/2006.)
Interpretação do texto
1) De acordo com o texto, qual foi o grande dilema enfrentado por Gilmar e Cristina?
2) Cite 01 fato descrito na reportagem que comprove essa afirmativa.
3) Qual é o conceito de solidariedade deixado pelo texto?
4) Diante do que estamos passando com a pandemia do Coronavírus, o que você está
fazendo para ajudar ao próximo?
5) Existem pessoas que fazem
compras exageradas para não passarem necessidades
durante a quarentena. Esse ato é solidário
6) Estamos vendo muitos atos de solidariedade no Brasil durante esse momento de
isolamento social. Cite um exemplo que você viu por meio da TV e/ou redes sociais e
que te marcou.
7) Quais medidas de prevenção você e sua família estão tomando para evitar a Covid-
192
Soluções para a tarefa
1-Na história "Fazer o Bem é Bom" vemos que os personagens Gilmar e Cristina, enfrentaram o dilema de entrar em casa e esquecer as crianças abandonadas na rua, ou dar um teto as cinco crianças que naquela noite passavam frio na porta de sua casa.
2- O frase que confirma o que aconteceu naquela noite é "O advogado Gilmar Russa e a educadora Maria Cristina da Costa vão contar a história da noite que mudou suas vidas "
3- O conceito de solidariedade que o texto fala, é o conceito da generosidade que não é ensinada nem aprendida, mas sim praticada.
4- O que estou fazendo para ajudar ao próximo nessa pandemia, é me cuidar e evitar sair ao máximo nas ruas e indicar que as pessoas façam o mesmo, falo apenas pelas redes sociais evidenciando o contato com as pessoas e assim, evitando que o vírus se propague.
5- O ato de comprar além do que precisa, não é solidário. Afinal, se consumirmos desse modo, a comida e produtos podem faltar para outras famílias.
6- Esses dias, vi na tv o caso de pessoas que se mobilizaram para fazer compras para idosos, evitando que os mesmos saiam de casa e peguem o corona vírus.
7- Sempre higienizamos nossas mãos, estamos em casa, quando precisamos ir ao mercado apenas um membro da família vai, tomando as precauções corretas para evitar o COVID - 19.