Biologia, perguntado por mari7310, 9 meses atrás

fatores de proteção contra o álcool​

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Respondido por BIDUZÃO
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Explicação:

O alcoolismo sofre importante influência de fatores genéticos tanto diretamente (genes que regulam o metabolismo do álcool) quanto indiretamente (genes que afetam traços de personalidade). É sabido também que tanto fatores ambientais quanto a interação dos genes com o ambiente exercem influência sobre as vulnerabilidades e os fatores de risco do alcoolismo. A literatura científica mostra que, em especial, há importante ação do neurotransmissor dopamina e de seu receptor D2 nessa problemática, na medida em que essas estruturas participam dos efeitos reforçadores do álcool. Ademais, é sabido que esse receptor desempenha importante papel no desenvolvimento da dependência de outras drogas, de tal sorte que uma menor densidade neuronal desse receptor está relacionada com maior vulnerabilidade ao abuso de substâncias.

Diante desse panorama, um grupo de especialistas americanos resolveu testar a hipótese de que maiores concentrações de D2 estariam associados com fatores de proteção contra o alcoolismo. Para tal, 15 sujeitos (14 homens e 1 mulher) com histórico familiar de alcoolismo e sem histórico individual de abuso/dependência de álcool e outras drogas (exceto nicotina) e 16 sujeitos (14 homens e 2 mulheres) sem histórico familiar e individual de alcoolismo e de abuso de outras drogas (grupo controle) foram examinados por meio de técnicas de neuroimagem (PET) e por testes neuropsicológicos a fim de averiguar a presença de receptores D2 e os traços de personalidade. Foram também excluídos da amostra aqueles sujeitos com transtornos psiquiátricos do Eixo I (ex. transtornos de humor e de ansiedade).

Os autores não encontraram diferenças em termos de escolaridade, nível de renda, etnia e escores obtidos na escala Beck de depressão (escala que mede sintomatologia de depressão) entre os dois grupos investigados. Entretanto, observou-se que os escores obtidos relativos aos traços de emoção positiva (bem-estar consigo mesmo e inserção social) foram menores entre aqueles com histórico familiar positivo para alcoolismo do que entre os com histórico familiar negativo. Ademais, o grupo de histórico familiar positivo acusou níveis significativamente superiores do que o grupo controle de receptores D2 no núcleo caudado e na porção ventral do corpo estriado (núcleo acúmbens), ambas estruturas cerebrais. Houve também no primeiro grupo densidade elevada de receptores D2 em regiões do córtex frontal. Ademais, os pesquisadores constataram haver correlação positiva entre traços de emoção positiva e a densidade de receptores D2 para ambos os grupos.

Em suma, os autores confirmaram a hipótese de que a disponibilidade elevada de receptores D2 funciona como fator de proteção contra o alcoolismo em filhos de famílias com histórico dessa doença. Ademais, há a modulação de traços positivos de personalidade nesse fator de proteção.

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