Geografia, perguntado por VeylaRei245, 1 ano atrás

Fale sobre o Inicio do Sistema Capitalista no Japão

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Respondido por cecilia154015
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  O Japão iniciou seu percurso na direção de tornar-se uma potência,desde que foi se democratizando o poder imperial, todavia sem deixar de preservar suas características de país oriental, mantendo vivas as tradições históricas, religiosas e sociais que tanto o diferenciam do mundo ocidental (ainda que dele absorvesse notáveis influências). 

          Hamilton Carvalho, em seu artigo Max Weber e o Capitalismo Japonês, chama a atenção para a pergunta que a obra de Weber (A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo) faz despertar: como aplicar ao Japão, um país de cultura oriental não cristão (portanto, não protestante), a teoria weberiana que vincula o surgimento do capitalismo no mundo ocidental à doutrina calvinista da busca obsessiva do lucro, sob a motivação das crenças protestantes? 

          A visão do famoso sociólogo alemão, na verdade, foieurocêntrica, explicando o colapso do feudalismo europeu e a ascensão de sua burguesia capitalista sob a influência anglo-saxônica da reforma luterana e da ascese calvinista. 

          Tem, portanto, uma característica geográfica e histórica, tornando interessante procurar a existência de uma equivalência para o caso japonês. 

          A questão sócio-religiosa, de fato, também é identificável na análise do surgimento do capitalismo japonês, ao se tentar perceber como um país oriental de maioria religiosa xintoísta ou budista passou a se comportar, sob o prisma econômico, com padrões éticos e filosóficos ocidentais. 

          Observando o fato econômico, o capitalismo japonês nasceu dentro do Estado monárquico, centralizado e unificado em torno da casa real nipônica. 

          Desde os xogunatos, vinha o Japão sendo pressionado pelas potências européias e pelos Estados Unidos - já bem mais adiantados - a sair de seu histórico isolamento e abrir seus portos ao comércio mundial. 

          Portugueses, espanhóis, holandeses, ingleses e norte-americanos, desde longa data, tentavam estabelecer vias comerciais com o Extremo Oriente, mas os xoguns se opunham à abertura, receosos da influência ocidental sobre os costumes e seculares tradições em que se firmava o regime feudal. 

          O imperador Meiji, porém, tinha visão diversa, e conciliando tradicionalismo com realismo político empreendeu as reformas de abertura (o que, a bem da verdade, também se deu sob a forte pressão da “diplomacia das canhoneiras” dos Estados Unidos). 

          No caso do xintoísmo e do budismo japonês, contudo, o exercício que conduzia a plenitude da vida moral era parte integrante da visão filosófica da sociedade, como ainda o é no mundo de hoje, quando se constata um Japão tradicional e conservador, mas plantado sobre uma pujante economia edificada sobre sólidas instituições capitalistas. 

          Estas foram transplantadas da cultura econômica européia para o longínquo país asiático, mas sem colidir com o espírito de renúncia, a virtuosidade e a pertinácia, que são pedras angulares da visão teológica de sua sociedade. 

          Compreender o Japão de hoje, portanto, requer que se compreenda com profundidade a forma peculiar pela qual se deu a transição do feudalismo para o capitalismo, transição esta na qual são notáveis a habilidade e a visão do imperador Meiji-Tenno e são indeléveis as posturas filosóficas tradicionais, embasadas no xintoísmo e no budismo.  

          É com essa evolução histórica e com essas características peculiares da nação nipônica que o Japão se lança, no século XXI, como uma das grandes potências asiáticas, recuperando-se da derrota na Segunda Guerra Mundial, preservando a casa imperial japonesa e robustecendo seu poder nacional para consolidar-se como potência de primeira linha na Ásia. 



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