Geografia, perguntado por tavarestauane01, 11 meses atrás

Fale sobre a anexação do estado do Acre ao território brasileiro no início do século XX

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Respondido por clubemaravilha
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Resposta:

Explicação:

Do estabelecimento do Tratado de Tordesilhas até o século XIX, o atual estado do Acre fazia parte da América espanhola de acordo com os tratados hispano-portugueses:

Tratado de Madrid (1750)

Tratado de Santo Ildefonso (1777)

Tratado de Badajoz (1801)

Após a independência das colônias espanholas, o Brasil reconheceu aquela área como boliviana através do Tratado de Ayacucho (1867). Por meio deste diploma jurídico bilateral, celebrado durante a Guerra do Paraguai (1864 - 1870), o Império do Brasil pretendia manter a Bolívia no conflito. O tratado traçava a fronteira conforme o pleito boliviano.

Apesar disso, não havia nenhuma ocupação do território por parte da Bolívia, em parte por ser uma região de difícil acesso por outro caminho que não a bacia do Rio Amazonas. Em virtude da abundância da seringueira e do ciclo da borracha que estava se iniciando, colonos brasileiros tinham iniciado a ocupação do Acre em 1852, tendo essa imigração atingido proporções muito grandes a partir de 3 de abril de 1877.

Nessa época, o presidente Aniceto Arce, da Bolívia, foi alvo de um golpe de estado comandado pelo então coronel José Manuel Pando. Este, derrotado, se refugiou no Acre, ocasião em que percebeu que a ocupação brasileira já tomava proporções alarmantes.

Pando, que, como general, veio a governar a Bolívia de 1899 a 1904, alertou as autoridades bolivianas e iniciaram-se as manobras diplomáticas. Em 1898, a Bolívia enviou um exército de ocupação para o Acre causando, em 1º de maio de 1899, uma revolta armada dos colonos brasileiros, que receberam o apoio do governo do Estado do Amazonas.

Revolução Acreana

Ver artigo principal: Revolução Acreana

Mapa da América do Sul em alemão de 1899 mostrando a região que viria a formar o Acre ainda como território boliviano

Pressionados pelo advogado José Carvalho, os bolivianos foram forçados a abandonar a região. Para evitar a sua volta, o governador do Amazonas Ramalho Júnior organizou o ingresso no Acre de uma unidade de aventureiros comandadas pelo espanhol Luis Gálvez Rodríguez de Arias. Gálvez partiu de Manaus em 4 de junho de 1899 e chegou à localidade boliviana de Puerto Alonso, a qual teve seu nome mudado para Porto Acre, onde proclamou a República do Acre em 14 de julho de 1899. Apesar disso o governo brasileiro, com base no tratado internacional de Ayacucho assinado em 1867, considerava o Acre como território boliviano e enviou tropas que dissolveram a República do Acre em 15 de março de 1900.

Um motivo complementar para o interesse de Ramalho Júnior na ocupação do Acre foi o fato de Galvez ter descoberto a existência de um acordo diplomático entre a Bolívia e os Estados Unidos estabelecendo que haveria apoio militar norte-americano à Bolívia em caso de guerra com o Brasil.

Logo após a anexação do Acre ao Brasil, os acreanos esperavam pela sua elevação a Estado o mais rápido possível, uma vez que, nessa época (Auge do Ciclo da Borracha), o Acre representava 1/3 do PIB brasileiro. Porém isso não aconteceu.

Atendendo às disposições jurídicas do Tratado de Petrópolis, o presidente Rodrigues Alves sancionou a lei que criava o Território do Acre (1904) — o primeiro do país — dividindo o território nos departamentos de Alto Acre, Alto Purus e Alto Juruá, este último desmembrado em 1912 para formar o departamento do Alto Tarauacá. Até 1921, a administração departamental era exercida por prefeitos designados pelo Presidente da República.

Essa subjugação causou intensas revoltas da população. Foi o caso da revolta de Cruzeiro do Sul, em 1910, que depôs o Prefeito Departamental do Alto Juruá e proclamou o Estado do Acre (a chamada Revolta do Alto Juruá). Cem dias depois, as tropas federais atacaram os revoltosos e restabeleceram a ordem e a tutela. Em 1913, um movimento de revolta ocorreria no Purus, em Sena Madureira, por motivos muito semelhantes ao do Alto Juruá. Em 1918 seria a vez da luta autonomista chegar ao vale do Acre, em Rio Branco, que protestou intensamente contra a manutenção da situação de subjugação ao governo federal. Ambas as revoltas foram reprimidas pelo governo brasileiro.

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