Português, perguntado por wilianpireismael16, 11 meses atrás

Fale resumidamente sobre as três histórias q o monstro contou
O chamado do monstro

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Respondido por iSankyYT
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Resposta:

Começá-lo era que, aparentemente, ele fazia muitas pessoas chorarem. Ao ler, não só me incluí nesse grupo como tive uma ótima surpresa com a bonita narrativa, um exemplo maravilhoso de literatura infantil.

O autor, Patrick Ness, se baseou na ideia de Siobhan Dowd, escritora vítima de câncer que faleceu em 2007 antes de poder escrever o livro.

A obra começa quando Conor, um garoto de 13 anos, é acordado no meio da noite por um monstro incomum: um teixo que ganha vida e desce da colina perto de sua casa, onde normalmente fica. Apesar do tamanho e da voz poderosa do teixo, que chama Conor pelo nome, o menino não se assusta com o monstro. Isso porque o menino tem pesadelos com coisas piores – tão terríveis que não admite nem para si mesmo, nem para o monstro, e que o leitor, portanto, também desconhece.

Apesar de o garoto tentar se convencer de que tudo não passou de um sonho, o monstro não apenas retorna, como passa a lhe contar histórias.

Conor tenta encontrar um sentido para aqueles relatos em meio aos problemas pessoais que enfrenta. O principal deles é a luta que sua mãe debilitada trava contra o câncer. A doença dela, por sua vez, cria problemas para Conor na escola, onde ele é atormentado por um grupo de alunos – assim como pelos olhares compassivos que recebe de alunos e professores, e que não suporta. Pra piorar, sua avó – que, na sua opinião, não é como uma avó deveria ser – vem passar um tempo com ele e a mãe, o que Conor insiste não ser necessário.

A família de Conor não é perfeita, e por esse motivo parece normal, verdadeira. O pai mudou de continente e tem uma nova família, a avó é uma senhora “moderna”, diferente das avós de todos os conhecidos de Conor, e não se dá nada bem com o pai do menino. Enquanto os sentimentos do pai são um tanto misteriosos (ele não é exatamente dedicado à primeira mulher ou ao filho), o autor não deixou de mostrar o sofrimento da avó, que assiste à deterioração da filha e tenta lidar com um neto que não a entende, mas com quem precisará conviver.

Ao longo do livro fica claro que, apesar da confiança aparente da mãe em um “novo tratamento”, sua situação está piorando. Desde o início, já sabemos onde essa história vai terminar. Mesmo assim, o que vale é a trajetória de Conor para aceitar a realidade e lidar com os próprios sentimentos em relação à morte da mãe. Como ocorre em muitos livros, o que vale não é o final, uma revelação bombástica ou surpresa; apesar de sabermos o que vai acontecer, vale a pena ler a obra para passar por essa jornada com o personagem.

Apesar de a premissa do livro conter um teixo que ganha vida, as dificuldades e sentimentos de Conor são profundamente verossímeis e tocantes. A princípio os sentimentos reprimidos do garoto se exprimem por meio de seus sonhos secretos, mas, eventualmente, começam a ser externados em surtos de raiva e violência. O isolamento sentido por ele em relação às outras crianças e sua vontade de ser punido pelo seu comportamento (o que é, em última instância, a vontade de ser um garoto “normal”, como era antes de a mãe adoecer) são sentimentos particularmente bem apresentados.

As três histórias que o monstro conta a Conor, por fim, são belos exemplos de fábulas com finais inesperados, que brincam com lugares-comuns e arquétipos para sugerir reflexões interessantes, qualquer que seja a idade do leitor.

Vale a pena destacar as maravilhosas ilustrações de Jim Kay. Envolventes, preto e branco, evocam um clima onírico e de medo, refletindo a mente conturbada de Conor.

O chamado do monstro é um livro bonito, ao mesmo tempo triste e inspirador. Uma obra para crianças, mas que consegue tratar de pesadelos da vida real sem perder a poesia.

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