Falamos que a linguagem é uma instituição social. Talvez a primeira com que a criança tome contato, se considerarmos que, antes de ter consciência da existência da própria família, ela apreende a realidade por um sistema linguístico que existe a priori. De fato, quando usamos qualquer idioma para nos comunicar, seguimos regras preexistentes a nós. Em português, ninguém formaria uma frase como: “Estudar gosto de eu”. Qualquer falante nativo da língua diria: “Eu gosto de estudar”. Isso significa que estamos seguindo normas de linguagem institucionalizadas, mesmo que não saibamos explicá-las. Tratando dessa questão, Roland Barthes diz: [...] a língua, como desempenho de toda linguagem, não é nem reacionária, nem progressista; ela é simplesmente: fascista; pois o fascismo não é impedir a dizer, é obrigar a dizer. Assim que ela é proferida, mesmo que na intimidade mais profunda do sujeito, a língua entra a serviço de um poder. Nela, infalivelmente, duas rubricas se delineiam: a autoridade da asserção, o gregarismo da repetição. Por um lado, a língua é imediatamente assertiva: a negação, a dúvida, a possibilidade, a suspensão de julgamento, requerem operadores particulares [...]. Por outro lado, os signos de que a língua é feita, os signos só existem na medida em que são reconhecidos, isto é, na medida em que se repetem [...]. BARTHES, Roland. Aula. São Paulo: Cultrix, 1992. p. 14-15. Tomando o fascismo em seu sentido geral, como qualquer postura autoritária, de controle sobre o comportamento alheio, discuta com seus colegas até que ponto a linguagem – como instituição social – pode mesmo ser considerada fascista.
Soluções para a tarefa
No fascismo vemos um discurso voltado para o totalitarismo, ou seja, o poder concentrado na mão de um indivíduo, antidemocrático, tendo um nacionalismo exacerbado.
As ideologias em torno do fascismo consideram o país acima de todos os outros e seu crescimento será realizado pela mão de um único líder.
Por fim a democracia parte da participação popular, ou seja, seu pressuposto básico é a intenção de poder a favor do povo.
Resposta:
c) A linguagem impõe aos indivíduos formas de comunicação elaboradas por um poder externo a cada um.
Questão completa:
Entendendo fascismo como manifestação de autoritarismo, assinale a alternativa que relacione corretamente a reflexão de Barthes às coerções sociais.
a) Somente os regimes fascistas fizeram uso da linguagem como instrumento de controle da sociedade.
b) Todos os idiomas são reacionários e conservadores, pois servem sempre a regimes autoritários.
c) A linguagem impõe aos indivíduos formas de comunicação elaboradas por um poder externo a cada um.
d) A linguagem utilizada socialmente, e não intimamente, pode apresentar um caráter progressista.
e) O fascismo emprega várias formas de coerção e controle independentemente da linguagem.
Explicação:
(geekie)
Barthes considera a linguagem como uma forma de imposição externa ao indivíduo e alheia à sua vontade. Isso seria uma forma de fascismo. Além disso, é por meio da linguagem que as diferentes formas de coerção são comunicadas aos membros de cada grupo.