Português, perguntado por cleitonlimaalmeida, 10 meses atrás

Faça uma resenha crítica, uma análise interpretativa de no mínimo 15 linhas do conto o relógio de ouro de Machado de Assis

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Respondido por rafaelsousa437
2

Explicação:

Nas primeiras linhas do conto já podemos observar alterações

significativas. A primeira delas é a criação de um novo parágrafo que

deixa de existir na versão em livro. Como sabemos, os escritores de

periódicos ganhavam por linhas escritas (RIBEIRO, 2006), portanto é

muito comum encontrarmos nos contos dos jornais uma quantidade

muito maior de parágrafos do que verificamos nos livros.

Em seguida, os adjetivos escolhidos para descrever o relógio são,

sem dúvida, mais modestos e concisos na segunda versão. A inclusão

do vocábulo “cadeia” também remete à questão escravista que é tocada

levemente na primeira versão e que foi incorporada com mais força na

versão em livro.

Vejamos outros exemplos de alterações:QUADRO 3

Jornal das Famílias Histórias da meia-noite

Pouco depois saía o pai de Clarinha

protestando de novo que, se no dia

seguinte os achasse do mesmo, nunca

mais voltaria à casa deles, e que se

havia coisa pior que um jantar frio ou

requentado, era um jantar mal digerido.

Outras muitas coisas mais disse o

sogro de Luís Negreiros, mas como

não interessam à história, deixo-as de

referir nesta ocasião.

Pouco depois saía o pai de Clarinha

protestando de novo que, se no

dia seguinte os achasse do mesmo

modo, nunca mais voltaria à casa

deles, e que se havia coisa pior que

um jantar frio ou requentado, era

um jantar mal digerido. Este axioma

valia o de Boileau, mas ninguém lhe

prestou atenção.

É notável a concisão na citação do trecho da obra Le lutrin, de

Boileau, na Tabela 2. Na segunda versão, temos acesso somente à metade

do verso e ainda modificado pelo escritor, movimento característico nas

citações que Machado fazia e pelo qual foi muito criticado pelos seus

contemporâneos (MADEIRA, 2004: 66).

Os textos das Tabelas 2 e 3, embora não imediatamente subsequentes,

são ligados pela retomada da citação de Boileau, agora nomeadamente

expresso, na versão em livro. Na primeira versão, o nome de Boileau

não é citado, ou seja, quem não conhecesse o verso do Le Lutrin não

seria capaz de entender a atribuição de autoria. E quem foi Boileau e por

que isso é importante? Por que citar explicitamente um autor apenas na

versão em livro e não no Jornal da Famílias?

Machado tinha grande apreço por Boileau e pelos poetas satíricos

em geral. O trecho citado acima está no canto XX do Le Lutrin, poema

herói-cômico composto entre 1674 e 1683 que serviu de inspiração

para António Dinis de Cruz e Souza compor O hissope (publicado

postumamente em 1802), outra obra admirada e emulada por Machado.

Na Advertência ao poema herói-cômico “O Almada”, Machado afirma

que se inspirou nesses dois autores; nessas “duas


cleitonlimaalmeida: valeu mano
rafaelsousa437: tmj
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