Português, perguntado por lucasdefarias, 1 ano atrás

faça uma resenha critica do livro fernao capelo gaivota

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Respondido por mateuscesar005
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O exemplar que consegui é bastante antigo (nem tem o ano da publicação brasileira), pois o peguei da biblioteca da PUCRS. A capa é dura, a diagramação é rasa, as páginas são estreitas e o texto se apresenta muito comprimido. O mais interessante é que as fotografias do fotógrafo Russell Munson se "casam" com a narrativa. Para alguns, talvez, as fotos quebrariam o ritmo de leitura, mas eu achei que isso apenas conferiu bastante dinamismo à ela, inclusive incrementou muito a atmosfera da história.

A fábula narra, em terceira pessoa, a transição de vida da gaivota Fernão. A gaivota tem grande dificuldade de se encaixar na sociedade da qual pertence. Seu bando é tradicional: ou seja, se esgoela e briga por comida, não faz nada além de agir como pássaros condicionados aos seus destinos pré-definidos. Fernão, desde o princípio, se mostra contrário e insatisfeito com seu estilo de vida. Seus pais tentam, em vão, colocá-lo nos eixos, pois sabem que ele pode ser banido, caso se recuse a agir como uma gaivota "normal". Fernão tem um desvio de comportamento bastante diferente: ao invés de comer, ele prefere treinar seu voo. É claro que gaivotas voam, mas apenas o básico para se manterem vivas. Fernão, entretanto, quer ir além disso, quer aperfeiçoar seus movimentos e ser livre.

   “Para a maioria, o importante não é voar, mas comer. Para esta gaivota, contudo, o importante não era comer, mas voar. Antes de tudo o mais, Fernão Capelo Gaivota adorava voar”.

   p. 15

Fernão acaba expulso do bando e vai para o "paraíso", um local meio transcendental e onírico. Lá, ele se transforma em aluno capacitado e muito entusiasmado. Nesta segunda parte, a gaivota conhece outras - o Mais Velho, uma espécie de sábio, e Henrique, outro pássaro que foi expulso de seu bando e que acabou ali. A cada "mundo" ao qual Fernão se adentra, ele vai perdendo o status de aluno e começa a ser visto como professor.  

A fábula bate muito na tecla da liberdade e creio que esta seja a moral da história. O enredo pode parecer bastante simples e até mesmo bobo, no entanto, foi escrito com tamanha sensibilidade que se torna impossível não dizer que é um incrível trabalho. Fernão suscita no leitor reflexões pertinentes quanto à formação da sociedade, ao que esta sociedade espera de nós e, especialmente, até que ponto devemos lutar por nossos sonhos e fazer deles parte de quem somos.

O livro não me emocionou absurdamente, mas a mensagem que ele deixa é, com certeza, muito linda. Há muita poética nos diálogos, um constante debate quanto como a mente é a extensão de quem somos e que, devido a ela, podemos fazer e alcançar o que quisermos. O ponto principal é a liberdade tanto terrena quanto espiritual, de diversas maneiras. As metáforas utilizadas são muito consistentes e faz a ligação entre a realidade e a história retratada na fábula.

A leitura é muito suave e tranquila, é muito fácil mergulhar no enredo e se identificar com Fernão, seus ensinamentos e indagações. As imagens no meio do texto, em preto e branco, deram um grande "charme" à história. Todas são de gaivotas em voo e não sei se, nas edições recentes, elas estão presentes. Recomendo muito a leitura, para qualquer pessoa, independentemente da idade, pois a mensagem deixada é muito humana e transformadora ♥

   – Todo o corpo de vocês, da ponta de uma asa à outra – dizia Fernão outras vezes –, não é mais do que seus próprios pensamentos, numa forma que podem ver. Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo...

   p. 123

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