Faça uma interpretação (resumo) do texto1: SENSO COMUM E CIÊNCIA: OPOSTOS OU COMPLEMENTARES?
O texto:
Senso comum
O senso comum é um tipo de pensamento que não foi testado, verificado ou metodicamente
analisado. Geralmente, o conhecimento de senso comum está presente em nosso cotidiano e é
passado de geração a geração. Podemos afirmar que esse tipo de conhecimento é,
categoricamente, popular e culturalmente aceito, o que não garante a sua validade ou
invalidade.
O senso comum, por ser obtido a partir de um movimento de repetição cultural, pode estar
correto ou não. Não é possível confiar nesse tipo de conhecimento como se confia na ciência,
mas também não podemos invalidá-lo de imediato, pois o fato de não se
estabelecer métodos e testes comprobatórios, não significa, necessariamente, que o tipo de
conhecimento popular está errado.
Características do senso comum
O filósofo italiano Antônio Gramsci (intelectual contemporâneo que contribuiu para a
disseminação do anarquismo na Itália e, no campo filosófico, dedicou-se a entender o
conhecimento e a cultura) estudou e escreveu sobre o senso comum. Para o pensador, o
senso comum tem a sua característica estritamente positiva, sendo um conhecimento popular
que todos têm e produzem. Porém, para se chegar a um conhecimento mais elaborado, mais
estruturado e mais seguro, é necessário ir além do senso comum.
Silvio Gallo, filósofo, educador e professor de Filosofia da Faculdade de Educação da
UNICAMP, afirma que, nesse sentido, o senso comum é um bom ponto de partida, mas que,
muitas vezes, os conhecimentos sistematizados e testados, como a Filosofia e a ciência, são
necessários para se obter um conhecimento de maior confiança e validade.
Para o sociólogo, escritor e professor português Boaventura de Sousa Santos, podemos
chamar de senso comum aquele conhecimento vulgar e prático que nos orienta
cotidianamente.
Ao longo do tempo, foi-se criando uma ideia comum (senso comum) de que as mulheres eram
inferiores, o que foi se estabelecendo como uma verdade cultural (apesar de não ser uma
verdade estrita). Podemos pensar, por isso, que nem sempre o senso comum é positivo ou
está certo, afinal, sabemos que as mulheres não são menos inteligentes, mais frágeis ou
subalternas aos homens. Isso atesta também o fator repetitivo que circunda a denominação do
senso comum: é algo que, de tanto ser repetido, acaba sendo encarado como uma verdade.
Senso comum e ciência
Em uma leitura apressada, podemos pensar que o senso comum e a ciência são
sumariamente opostos e sem conexão alguma. Porém, existem diferentes concepções,
algumas delas apresentam uma complementaridade entre ciência e senso comum.
O positivismo, uma doutrina filosófico-política desenvolvida pelo pensador francês Auguste
Comte, estabelece rumos para o progresso social por meio do progresso científico e da ordem
política. Sendo assim, essa doutrina admite somente a ciência como fonte de conhecimento
verdadeiro. Essa concepção exclui, inclusive, a Filosofia, a qual teria cedido o seu lugar, de
acordo com Comte, aos modelos científicos para a explicação da realidade. Nessa concepção,
o senso comum está totalmente descartado.
Pedro Demo, sociólogo brasileiro e professor emérito da UnB, uma referência nos estudos
sobre conhecimento científico e aprendizagem no Brasil e autor de mais de 90 livros, também
parte de concepção parecida, ao afirmar que a prevalência de conhecimentos não testados
pode levar o ser humano a pensamentos incoerentes, por exemplo, acreditar que o Sol
movimenta-se em torno da Terra.
De fato, a ciência é a fonte de conhecimento mais segura que temos, mas a validade do senso
comum, em alguns casos, é notável. Se pensarmos que grandes pesquisas científicas que
levaram a grandes descobertas farmacêuticas partiram do conhecimento de senso comum de
plantas medicinais, por exemplo, temos um elemento para considerar o senso comum como
um bom ponto de partida para impulsionar a ciência.
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Resposta:
O senso comum é um tipo de pensamento que não foi testado, verificado ou metodicamente
analisado. Geralmente, o conhecimento de senso comum está presente em nosso cotidiano e é
passado de geração a geração. Podemos afirmar que esse tipo de conhecimento é,
categoricamente, popular e culturalmente aceito, o que não garante a sua validade ou
invalidade.
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