Faça uma crônica sem erros
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Sempre uma boa lição

Eu erro sempre, erro miseravelmente a cada hora, minuto, segundo e centésimo. Porque errar, como diz o adágio, é humano, mas a persistência para ainda lembrar do ditado é uma grande burrice. Cometi grandes erros na minha vida, falei barbaridades, atrocidades, mas tive a pequenez, quando estive errado, de reconhecer que realmente não fui digno da atitude que defendi. De uns tiver perdão, entendimento, conselho, de outros: desprezo, julgamento, ofensa. Cada um dá aquilo que pode oferecer. Ofereci feiura, mas nem sempre foi assim.
Muitas vezes dei verdade, o melhor de mim, respondi com flores, quando vinham trevas, tormento, depressão, tirei do inferno e levei pro céu, quis ser o melhor de todos os amigos, aquele que sempre esteve junto, perto, falando, crescendo, amando, copiando e até sustentando para que o espírito não perecesse.
Não fui capaz de resistir a minha própria vaidade. Fui pequeno, podre, infeliz, indecente, não fui amigo, fui um asno, uma pessoa sem a melhor qualidade que se pudesse enxergar. Mas cai na real, e vi que esse não sou eu. Me levantei, me refiz, senti que é bom falar a verdade, buscar perdão, não consegui de todas pessoas que procurei, de algumas ganhei um abraço, um beijo, um afago, um carinho e até um conselho: valorize quem lhe perdoa, quem lhe condena, respeite e perdoe, porque depois não será o seu coração que não irá ficar em paz, mas sim quem não foi capaz de compreender que você errou.
Não se puna por ser julgado sumariamente por qualquer coisa, como um monstro, como no conto de terror, onde o esquisito é condenado apenas por ter errado. Na verdade, use o que você sente como lição para você crescer, se aprimorar, não errar mais, ser melhor com quem sobrou, ser mais família, mais amoroso, mais cristão. Isso mesmo, mais cristão, para reconhecer que você errou, mas que tem a hombridade de ser uma pessoa que se levanta, ergue as mãos, coloca as cinzas na cabeça e sai novamente para viver.
Pensei, por diversas vezes, em acabar comigo mesmo, com a minha própria vida porque não podia viver sendo considerado culpado por toda a eternidade, mas entendi que minha maior punição era aprender a recomeçar e essa punição também seria o sinal para o melhor recomeço, em paz, adiante, de cara para o vento, colhendo a melhor flor e olhando para a vida de uma forma singela.
Se machucou? Machucou, sim. Se passou? Também passou, porque a eternidade não é de dor. A eternidade é de esperança, de perdão, de encontrar pessoas que lhe abraçam, lhe acolhem, lhe colocam no peito e curam suas feridas. Isso mesmo, feridas aparecem para doer e também para que sejamos curados, para que criem casca e deixem marcas. Feridas nascem, mas morrem e somem. Feridas são inesquecíveis, se convive com elas por um tempo, depois ficam as cicatrizes.
Pilatos pergunta no seu célebre discurso a Cristo: O que é a verdade? A verdade tem seu ponto de vista que pode ser caro para um e barato para o outro. A verdade queima, e também encaminha o perdão. Ninguém quer ferir, machucar, errar, as pessoas são apenas pessoas, seres cheios de falhas, de vaidades indeléveis, que não deveriam existir, mas que infelizmente estão aí para fazer dessa vida um teatro bufo ainda mais complicado.
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