Filosofia, perguntado por marialuizadrodrigues, 6 meses atrás

Explique qual o pensamento de Kant sobre seres sensíveis e seres racionais?

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Respondido por 123orez
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Resposta:

Kant situa-se no século XVIII, não tendo informações como nós hoje. Mesmo assim, pela estrutura do aparelho representacional (o ânimo), nenhum homem pode conhecer ou experimentar a totalidade do mundo, apenas partes. Mas concebemos o mundo como um todo, acreditamos nisso e isso guia nossas ações.

A ideia psicológica ou de Alma vem da tradição que acredita que somos seres não somente materiais, mas dotados de uma entidade metafísica, a alma, pertencente ao reino dos fins e não das coisas. A alma não pode ser conhecida (pois não se tem fenômeno), mas as aflições, angústias, as escolhas, enfim, o drama humano, fazem crer que há uma alma e que é nela que devemos buscar princípios que forneçam leis para regular as ações entre os homens. O homem é livre, por isso não pode ser conhecido (tal como o modelo hipotético-dedutivo), mas somente apreciado em suas ações exteriorizadas. Portanto, o estudo da alma diz respeito à Ética e não à psicologia, pois esta é impossível, segundo Kant.

Do mesmo modo, a ideia Teológica ou de Deus, tradicionalmente em debate, não é objeto de conhecimento humano. Deus não é fenômeno, não é objeto de ciência, mas sim de crença. E a crença, isto é, aquilo que é verdade para alguém, depende da autoridade transmitida ou revelada. Deus não pode ser conhecido, mas norteia as ações e condutas humanas.

Dessa forma, é possível pensar em como uma ética pode ser universal sem cair no empirismo ou num dogmatismo exagerado. Conforme Kant, deve-se usar a mesma solução da ciência: os juízos sintéticos a priori. Nesse caso, seria necessário um esquema que auxiliasse na construção de leis válidas universalmente. São elas:

- Máxima: a máxima moral é a pergunta que um ser consciente deve se fazer para saber se deve ou não agir de uma forma e não de outra. Ex.: “Posso, em uma dificuldade, roubar?”.

- Lei: a lei é a constatação do interesse egoísta, visto que a contradição expressa na máxima deverá sair do particular para o universal. A lei é a expressão do interesse universal, evidenciando que é possível pensar em leis racionais válidas universalmente. Ex.: “Nenhum ladrão, por mais que roube, aceita ser roubado”.

- Ação: após este exercício de consciência, o agente moral age segundo a escolha que fizer. Para ser uma escolha moral, a ação deve ser conforme a lei, isto é, conforme o dever. No entanto, Kant entende que é possível agir somente por dever, isto é, obedecer à lei a contragosto, forçado ou constrangido. Ainda assim, a ação é moral. Essa distinção é importante, justamente para mostrar que a lei, sendo racional, deve ter força para obrigar os indivíduos a obedecê-la, sem o que nenhuma convivência seria possível. É o fundamento da organização social, que começa nos hábitos, costumes e cultura de um povo, mas deve passar pelo crivo da reflexão crítica do ser racional e consciente.

Portanto, o uso da razão pura não tem utilidade teórica em Kant, mas apenas o seu uso prático.


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