Explique quais eram as contradições da ditadura varguista.
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Paradoxal provavelmente seja o adjetivo que melhor simboliza a chamada Terceira República Brasileira, que, na última semana, completou 80 anos. No dia 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas pronunciava, em rede de rádio, seu Manifesto à Nação, dando início ao Estado Novo.
As contradições desta fase existem porque os oito anos subsequentes podem ser considerados os menos democráticos da República Brasileira até então, ao mesmo tempo em que foram de conquistas populares importantes — sobretudo as trabalhistas.
Em setembro de 1937, meses antes das eleições, o general Góes Monteiro anunciava um suposto plano de tomada de poder pelos comunistas, o Plano Cohen, que, depois, foi comprovado como forjado. Com o estado de guerra decretado, Getúlio perseguiu opositores ligados ao comunismo antes de decretar o Estado Novo.
Com apoio de militares e da classe média temente à “ameaça soviética”, ele se mantinha no poder em um cenário semelhante ao contexto de implantação da ditadura militar, em 1964.
Com o Estado Novo, Vargas não só permaneceu na presidência como tomou uma série de medidas centralizadoras: fechamento do Congresso, censura de meios de comunicação, repressão e tortura de opositores. Tudo referendado pela Constituição de 1937, chamada de Polaca por ser inspirada no modelo semi-fascista da Polônia. A Carta Magna dava poderes praticamente ilimitados a Vargas.
O cenário sem eleições e antidemocrático contrastava com os direitos que o povo conquistou. Tornaram-se célebres os discursos de Vargas de 1º de maio, no estádio de São Januário, no Rio de Janeiro, que sempre anunciavam novos benefícios aos trabalhadores, como a criação da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e da Justiça do Trabalho.
“De fato, existiram algumas medidas que atentavam contra a democracia. Mas é errado dar a este período pecha de totalitário, como muitas vezes tentam ao associá-lo ao nazifascismo. Mesmo com essa linha autoritária, ele era popular”, aponta Erick Assis de Araújo, professor de História da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
Segunda Guerra
Além das conquistas populares, o período foi marcado por crescimento da infraestrutura do País. Foi nesta época que foi construída a BR-116. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) também era criada, fruto de uma cooperação com os Estados Unidos em troca da adesão brasileira aos Aliados na Segunda Guerra.
“O Vargas era um estrategista. Ele paquerou com o Eixo, mandando o Filinto Müller para fazer relações diplomáticas com a Alemanha — o mesmo desgraçado que coordenou a parte mais perversa da Polícia Secreta de Vargas. Mas ele percebeu que o próximo passo com os Aliados era mais inteligente para a sobrevivência política, pois muitos já se revoltavam com os alemães e italianos no Brasil. Ele não fez isso de graça e instaurou um nacionalismo de cunho mais popular”, detalha Erick.
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