explique por que, no contexto político das Américas, a monarquia brasileira era considerada uma anomalia
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Soluções para a tarefa
É quase consensual, na escassa literatura sobre a história da política externa
brasileira, que a instalação da República no Brasil significou a “republicanização” e a
“americanização” (mas não “norte-americanização”) das estratégias de inserção
internacional do país. Por isso, teria predominado, na infância do novo regime, uma
perspectiva idealista das relações exteriores, que redundou numa percepção equivocada de
suposta irmandade e confraternização com os países americanos.
A repercussão positiva da notícia da instalação do regime republicano entre as repúblicas
vizinhas teria reforçado aquela orientação. Como já tinha apontado o Manifesto
Republicano de 1870, a Monarquia brasileira era vista com desconfiança no continente,
onde predominava a opinião de que constituía uma anomalia aquilo que na Europa era tido
como sinal de estabilidade e prestígio. O 15 de novembro pareceu, no curto prazo, debelar
prevenções que os países vizinhos tivessem contra o histórico de intervenções militares do
Império brasileiro, principalmente na bacia do Prata.
Por isso, a República foi saudada na Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai com
manifestações de entusiasmo e simpatia, tendo obtido reconhecimento desses países ainda
em 1889. A exceção parece ter sido a Venezuela: ao receber a notícia da queda da
Monarquia, o presidente Rojas Paul teria lamentado o fim da “única República que existia
na América”. Mas isso não impediu que o país reconhecesse o novo regime ainda em
janeiro de 1890.
Nos Estados Unidos da América, contudo, o reconhecimento formal teve que esperar pouco
mais de três meses pela aprovação do Congresso – embora o presidente Harrison tivesse
ordenado, já no dia 20 de novembro, que seu representante no Rio de Janeiro, Robert
Adams, mantivesse relações com o Governo Provisório. O próprio secretário de Estado do
país, James Blaine, comunicou tal decisão a Salvador de Mendonça, chefe da nova
delegação brasileira na I Conferência Internacional Americana, ocorrida em Washington
entre outubro de 1889 e abril de 1890. Mendonça é considerado o responsável pelo
estreitamento da aproximação entre Brasil e EUA naquele conclave, já que foi o executor
da ruptura que a chanceleria brasileira recomendara em relação às orientações recebidas do
governo imperial pelo seu antecessor, Lafaiete Rodrigues Pereira.
Há indícios de que Mendonça buscou, com sucesso, agilizar a formalização do
reconhecimento da República pelos EUA. Alertado pelo barão de Itajubá, o chefe da
delegação brasileira sabia que os países europeus negavam-se a preceder a maior república
do continente no estabelecimento de relações formais com o Governo Provisório. Na
prática, isto pareceu evidenciar o reconhecimento europeu da Doutrina Monroe e da
emergente influência ianque nas Américas.
Por isso, Mendonça procurou os delegados norte-americanos no conclave (Charles
Flint, Thomas Jefferson Coolidge e Andrew Carnegie), que parecem ter exercido alguma
influência sobre a decisão do secretário de Estado Blaine. Mas o reconhecimento formal da
República pelos EUA ainda tardaria: em 2 dezembro de 1889, mensagem do presidente
Harrison ao Congresso comunicava a decisão de 20 de novembro; à iniciativa do Executivo
seguiu-se a polêmica no Legislativo, que arrastou até 29 de janeiro de 1890 a recepção
solene dos representantes brasileiros, Amaral Valente e Salvador de Mendonça, pelo
“grande irmão do Norte”. É digno de nota que pesou favoravelmente ao Brasil a
argumentação de alguns senadores norte-americanos que alertaram para a ameaça de
intervenção européia em favor da Monarquia a pretexto de defender interesses econômicos,
invocando a urgência de reconhecer a República brasileira como forma de salvaguardá-la, e
à América, debaixo da proteção da Doutrina Monroe.
(Não tenho certeza, mas espero ter ajudado.)
Resposta:
Qual o nome do livro?
Explicação: