explique por que minas gerais é um estado riquíssimo em diversidade cultural entre os quilombolas
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Resposta:
As Comunidades Quilombolas de Minas Gerais resistem e lutam para se manterem vivas, reconquistar os seus territórios e terem uma vida digna e cidadã, onde o respeito e a valorização de sua identidade sejam naturalizados.
Minas Gerais recebeu um grande contingente negro no século XVIII e XIX quando foi palco de um grande movimento econômico, político e social com as descobertas de ouro, diamante e outras minérios. Isto fez com que um grande fluxo de escravos negros oriundos da África e de outras regiões da América Portuguesa, sobretudo do Nordeste. Todo este movimento fez com que diversos grupos afro-brasileiros se organizassem em torno de um território, de um modo de vida e de trabalho ou de uma organização religiosa. Várias comunidades negras surgiram (escravos fugidos e de forros) nestes dois séculos. Findada a escravidão em 1888, a população afro-brasileira foi alijada do trabalho, das terras (a lei de terras de 1850 foi totalmente excludente para a população negra), da educação e tiveram que resistir de forma autônoma para sobreviver e exercer sua alteridade perante a sociedade que impunha uma ordem outra que não reconhecia este grupo no novo imaginário republicano, que se pretendia homogêneo espelhado nas sociedades europeias. O racismo e o preconceito para com toda a comunidade afro-brasileira são acirrados de forma perversa.
Até o ano 2000 eram conhecidas 66 comunidades negras de origem quilombola no Estado de Minas Gerais. Em todo o território Brasileiro, até esta data, a organização política e identitária destes grupos ainda eram muito incipientes. Houve no início dos anos 2000 várias iniciativas de ONGs, Universidades e do próprio poder público (marcos legais e nova legislação) de promoção dos conceitos e direitos das comunidades negras. Estas novas “identidades” coletivas são geradas em circunstâncias de conflitos ou de oportunidades de acesso a políticas públicas por exemplo. A semântica da palavra quilombo carrega consigo a força da resistência e da cultura afro-brasileira. O conceito quilombo vai muito além dos antigos grupos descendentes de escravos fugidos dos períodos colonial e imperial. Ele também engloba, além das comunidades rurais, grupos urbanos que se auto definem como comunidades negras e pedem o registro de seu espaço como “território negro”.
Esta população negra, iniciou um processo de identidade e de organização que culminou em número superior a aproximadamente quinhentas comunidades que se reconhecem como quilombolas. Este movimento e articulação política se deu com um grande apoio do Projeto Quilombos Gerais, realizado pelo Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva – CEDEFES em articulação com outras entidades e com o próprio movimento de base. Esta população quilombola que vive em Minas Gerais é em grande parte oriunda do povo banto que habita as regiões Sul e Sudeste do continente africano. Prova disso é que os dialetos documentados em Minas Gerais são de matriz africana, como é o caso de comunidades em Diamantina, Serro e no município de Bom Despacho onde foram encontradas raízes linguísticas de origem banto.
Há no Estado de Minas Gerais diversos campos negros, ou seja, regiões de grande concentração de comunidades quilombolas, como no Médio Jequitinhonha, no Vale do São Francisco, nas antigas regiões mineradoras do Estado, entre outras. Outros campos negros foram formados a medida que a população migrava para os centros urbanos e outras áreas de pungência econômica. A distribuição das comunidades quilombolas mostra grande concentração nas regiões Norte de Minas, Jequitinhonha e Metropolitana de Belo Horizonte, onde se encontram mais de 70% do seu total.