explique por que as fronteiras da africa sao consideradas antificiais
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Resposta:
Dividir a África e o Oriente Médio sem levar em conta as diferenças étnicas, linguísticas e religiosas dos povos locais.
Quem – Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Grã-Bretanha, Itália e Portugal.
Quando – Em 1884 (partilha da África) e na virada de 1915 para 1916 (divisão do Oriente Médio).
Consequências – Conflitos violentos motivados por diferenças étnicas ou religiosas e ascensão de ditadores sanguinários ao poder.
Entre o final de 1915 e o início de 1916, enquanto milhares de soldados morriam nas trincheiras da 1ª Guerra Mundial, dois diplomatas redesenhavam o mapa do Oriente Médio. Armados de réguas e compassos, eles inventaram fronteiras, misturaram etnias, embaralharam religiões e plantaram a semente do caos político na região. Um era o secretário de Estado inglês sir Mark Sykes. Seu colega era François-Édouard Picot, um servidor do governo francês. Juntos, eles planejaram dividir as antigas províncias do Império Otomano – um gigante que estava prestes a cair em meio a rebeliões de várias tribos árabes (veja o mapa abaixo).
Com o fim da 1ª Guerra, foram criados países como a Transjordânia (atual Jordânia), o Iraque e o Líbano – todos com fronteiras artificiais. “O traçado arbitrário está na raiz de muitos problemas que o Oriente Médio enfrenta até hoje, como a disputa entre palestinos e israelenses”, diz André Gattaz, professor de História na Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
Loteamento africano
À época de Sykes e Picot, no entanto, a invenção de países com fronteiras artificiais já não era novidade. Desde o século 19, as grandes potências colonialistas andavam alterando mapas ao redor do mundo, principalmente na África. Em 1884, o chanceler alemão Otto von Bismarck convidou embaixadores de vários países ocidentais para uma série de reuniões que definiriam os contornos do continente africano. Ao final das conversações (conhecidas como Conferência de Berlim), 53 países tinham sido inventados.
As divisões entre cada estado visavam apenas os interesses europeus, sem respeitar diferenças étnicas, linguísticas ou religiosas dos povos locais. Para manter a dominação sobre esses Estados improvisados, os colonizadores utilizaram a velha tática de dividir para governar: aliciaram grupos nativos, transformando-os em leões de chácara das metrópoles européias. Em Ruanda, por exemplo, os franceses favoreceram a etnia tutsi. Quando a colônia passou ao domínio belga, os beneficiados foram os hutus. Resultado: após a independência, os dois grupos mergulharam num conflito que resultou no genocídio de 1994, quando cerca de 800 mil tutsis foram massacrados.
Colcha de retalhos
Após a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), a maioria das colônias na África e no Oriente Médio ganhou independência. Em vez de países, no entanto, muitas viraram apenas formas geométricas com dezenas de etnias dentro. Sem unidade nacional, o único jeito de manter coesão era a força bruta. Em alguns casos, as antigas metrópoles ajudaram ditadores a tomar o poder. Foi o caso de Mobutu Sese Seko, no Zaire (leia mais no quadro à esquerda). Moral da história: mesmo depois da partida dos colonizadores, os leões de chácara continuaram no poder.
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