explique como as circunstâncias geopolíticas criadas pela implantação o Vice-Reinado do Prata favoreceram a mudança de status na região platina
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O relato da última parte terminou com a criação do VICE - REINADO DO PRATA e a conseqüente primazia de Buenos Aires e o seu reconhecimento pelas autoridades de Lima.
O estabelecimento do Vice-Reinado do Prata sancionou a dependência político-administrativa em relação a Buenos Aires de vasta área que já operava em torno do porto do estuário do ponto de vista comercial e em alguns casos, do económico também. O sistema fluvial e os roteiros terrestres que afluíam ao porto, inclusive os secundários, no Paraná, no Paraguai e no Uruguai, ajudavam essa dependência. A nova organização surge em prejuízo da antiga, já com sinais de decadência. As razões de Buenos Aires importam agora. As autoridades de Lima são obrigadas a reconhecê-las.
O VICE - REINADO foi provisoriamente criado em 1776 e definido em 1777 numa região em que os interesses lusos e espanhóis se contradiziam, em que as corrente de povoamento tinham interesses opostos. Esta importante organização caracterizava a nova política colonial espanhola e tinha em Buenos Aires o seu centro comercial. As atenções da metrópole estavam voltadas, progressivamente, para ela desde a segunda metade do século XVIII, em conseqüência de seus reflexos na parte sul do continente americano de condições peculiares. Isto significava que a Espanha agiria em defesa do seu império ultramarino salvando-o da ruína, que o ameaçava.
A ascenção de Buenos Aires continha, realmente, um sentido novo - o comercial - diferente daquele que definiu as instituições do México e do Peru nos séculos XVI e XVII com base na atividade mineradora.
Vinda de um passado de poucos recursos econômicos, em contraste com a opulência do México e do Peru, a nova sede do VICE - REINADO começava a empreender a expansão da sua riqueza, que lhe fortaleceria a estrutura, num primeiro tempo. A expansão, à base do pastoreio, encontra dificuldades impostas pelo cerco dos índios, que limitavam a área pastoril da campanha em torno da cidade. A saída foi a procura por terras ribeirinhas do Paraná e daquelas que constituíam a Banda Oriental. Depois empreendeu a conquista das pradarias próximas e formou a sua própria área pastoril. O couro é produzido em volume crescente e transforma-se em moeda de troca com o exterior. O objectivo metropolitano de desenvolver o comércio e a tributação começava a ser alcançado.
Os rebanhos de cavalos, gado vacum e ovelhas encontram condições propícias para desenvolver e auxiliaram o progresso em torno de Buenos Aires.
No interior sobressaem o cultivo do algodão, a agricultura, o cultivo da vinha de Mendonça e San Juan. São produções de caráter doméstico. O sistema de troca é interno, à base desses produtos regionais, sem expressão externa. Distinta, portanto, da cultura do litoral voltada para o exclusivismo pastoril, produção e fornecimento do couro. Mas esse couro, produto de exportação, é disputado também pelo artesanato no interior , que o aproveita como matéria prima para fazer utensílios.
O velho sistema colonial representava estímulo indireto ao artesanato, à manufactura e às pequenas indústrias do interior. Essa situação se desequilibra na medida em que a nova política surge e se impõe. A entrada de manufaturas espanholas debilita a fraca indústria do interior e abre amplas perspectivas à exportação do couro em estado bruto. O sistema de rígido monopólio mantinha o equilíbrio relativo, mas prolongado, na vasta região platina e suas dependências. O progresso das províncias do litoral decorre não só do couro, sua principal atividade económica, mas também do contacto com a metrópole e o mundo. A posição de Buenos Aires ascende em rítimo acelerado. O interior empobrece. Suas províncias se isolam cada vez mais. Elas geram interesses e descontentamento locais e regionais que as colocam em choque com as do litoral e com a cidade do estuário.
O VICE-REINADO, importante como organização política e administrativa e fundamental para o novo sitema colonial, encerra uma contradição difícil de ser superada sem grandes alterações. As medidas de liberdade de comércio geram as causas de dissolução que contribuem para que, com a autonomia, aquela organização política e administrativa se enfraqueça e acabe por fragmentar-se.