Explique as características dos quatro principais autores deste período: Graça Aranha, Monteiro Lobato, Lima Barreto e Euclides da Cunha. Bem como cada parte da população que cada um enfatizava e diga com que intenção eles faziam tal menção.
Soluções para a tarefa
Euclides da Cunha (1866-1909)
Engenheiro militar de formação, Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo (RJ), em 20 de janeiro de 1866. Discípulo de Benjamin Constant, que fundamentou seus ideais republicanos, foi expulso da Escola Militar da Praia Vermelha em 1888 depois de ter ofendido o ministro da Guerra do Império. Mudou-se para São Paulo, onde passou a colaborar como escritor para o jornal A Província de São Paulo, que mais tarde se tornaria o ainda em circulação O Estado de S. Paulo. Foi reincorporado ao Exército depois da Proclamação da República, do qual se desligou apenas em 1896. Trabalhou como engenheiro em diversas regiões do país.
Sua grande contribuição literária foi a obra Os sertões, publicada pela primeira vez em 1902. Trata-se de um vasto compilado daquilo que presenciou enquanto repórter d’O Estado de S. Paulo ao viajar para o sertão baiano durante a Guerra de Canudos, em 1897. É um livro de não ficção que surpreende pelo hibridismo entre as descrições poéticas do cenário natural, ao mesmo tempo que aborda questões sociológicas, geográficas e científicas, unidas a vocabulários sertanejos e brasileirismos.
Lima Barreto (1881-1922)
Filho de um tipógrafo e de uma professora primária, Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1881, e ficou órfão de mãe aos 7 anos. De origem humilde, foi jornalista e também funcionário público. Sua vida pessoal foi tumultuada e atormentada pelas dificuldades em ser mestiço, pobre e produzir literatura no meio intelectual fluminense. Acometido por crises de depressão e alcoolismo, foi internado duas vezes no Hospício Nacional, onde escreveu uma de suas grandes obras, Cemitério dos Vivos.
Engajado em uma literatura social, era profundamente avesso à oligarquia republicana, e seu estilo literário envolvia um hibridismo entre os planos narrativo e crítico. Sua obra mais famosa, publicada pela primeira vez em 1915, é Triste fim de Policarpo Quaresma, que narra a trajetória de um protagonista patriota que, entre outros arroubos de nacionalidade exacerbada, aprende tupi e defende que seja essa a língua oficial brasileira. Policarpo tem uma postura quixotesca e seu triste fim coincide com a revelação de que a pátria por ele tanto sonhada nunca existira.
Monteiro Lobato (1882-1948)
José Bento Monteiro Lobato nasceu em Taubaté, em 18 de abril de 1882. Herdou a fazenda do avô, mas sem saber administrá-la, vendeu-a e comprou a Revista do Brasil, mudando-se para São Paulo. A empreitada como editor também não foi bem-sucedida, levando Lobato a mudar-se, em 1925, para Nova York, onde trabalhou como adido comercial. Retornou para o Brasil em 1931 e fundou a Companhia Petróleo do Brasil.
Lobato tinha uma postura nacionalista, conservadora, polemista e pouco receptiva às propostas modernistas da Semana de 1922. É mais conhecido por suas histórias voltadas ao público infantojuvenil, principalmente a série de narrativas do universo do Sítio do Picapau Amarelo, por ele criado. Mas escreveu também para adultos, com destaque para os livros de contos Urupês, Cidades Mortas e Negrinha. Além dos contos, escreveu o romance O choque das raças ou o presidente negro e muitos artigos e ensaios – sem dúvidas, polêmicos. É dele o personagem Jeca Tatu, uma representação regionalista do brasileiro caboclo do interior paulista, ligado à terra, um expoente das camadas mais baixas da cultura agrícola nacional.
Augusto dos Anjos (1884-1914)
O paraibano Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu em 20 de abril de 1884, em Engenho Pau d’Arco, e assinou uma obra especialmente ímpar e difícil de enquadrar dentro da historiografia literária nacional. Filho de um bacharel, estudou Direito em Recife, mas nunca exerceu a profissão: viveu publicando artigos em jornais da Paraíba e lecionando Língua Portuguesa e Literatura, não só em seu estado natal, como também no Rio de Janeiro, para onde se mudou em 1910.
Publicou apenas um volume de poesias durante sua breve vida, intitulado Eu (1912), cuja recepção crítica foi extremamente negativa. Dono de um vocabulário rebuscado, composto de uma mistura de termos científicos e uma adjetivação singularíssima, o poeta mesclou em seus versos tendências do parnasianismo, do simbolismo, do naturalismo e do expressionismo, sem se encaixar plenamente em nenhuma delas. Cantor das mais profundas angústias humanas, Augusto dos Anjos foi um exímio sonetista e descreveu, em sua linguagem muito original, a morbidez e a dissolução da matéria humana em versos tensos e violentos.