Explique a mudança da visão mítica com a modernidade.
Soluções para a tarefa
R:É comum escutarmos ou nos referirmos à nossa realidade como moderna. O termo já é tão naturalizado em nossa língua que passou a ter o mesmo contexto de contemporâneo — o que coexiste em um mesmo período de tempo. Mas você entende o que é ou a que nos referimos quando tratamos de modernidade?
Para respondermos a essa pergunta, temos que voltar em nossa história e entendermos primeiro como é possível determinar a passagem de um período de tempo para outro. É comumente entendido que os eventos que se iniciaram com a Revolução Francesa foram o ápice da superação do pensamento e das organizações sociais tradicionais que marcaram o período medieval. O rompimento com o pensamento escolástico, método de pensamento crítico ainda ligado aos preceitos da Igreja Católica, e o estabelecimento da razão como forma autônoma de construção de conhecimento, desligado de preceitos teológicos, foram alguns dos primeiros passos em direção à construção do pensamento moderno.
O desenrolar da Revolução Francesa teve como base a construção ideológica que convencionamos chamar de Iluminismo. O pensamento iluminista e os pensadores empiristas, que acreditavam que o conhecimento verdadeiro estava na experiência a partir dos sentidos, estabeleceram a razão e a ciência como a forma verdadeira de se conhecer o mundo. Esse pensamento racionalista inerente ao Iluminismo revirou toda a estrutura social da França, que era construída sobre pilares tradicionais fundamentalmente teológicos, o que abalou todos os pilares sociais e políticos do país em que o domínio monárquico absolutista se apoiava. A monarquia francesa e seu poder assegurado pela provisão divina foram derrubados diante do fortalecimento dos ideais igualitários e do racionalismo. Nesse momento, fortalecia-se o pressuposto de igualdade (em que nenhum homem estaria acima de outro, nem mesmo o Rei), que, mais adiante, seria o ponto de partida para os primeiros movimentos democráticos nas Américas.
René Descartes foi uma das figuras mais proeminentes desse período. Suas obras são vistas como fonte de inspiração e base de construção da filosofia moderna. Em sua principal obra, Discurso do método, Descartes apresenta o que foi chamado de método cartesiano, o ápice de sua filosofia, que estipulava o caminho a ser tomado para a construção do conhecimento cientifico: a evidência, a análise, a síntese e a enumeração.
O pensamento racional e o método cartesiano pavimentaram o caminho para os eventos que foram vistos como o ponto inicial da era moderna: a revolução industrial. A sociedade europeia passava por uma série de mudanças motivadas por grandes conflitos bélicos e ideológicos. As guerras napoleônicas estimularam a corrida armamentista, o que elevou a exigência por uma produção de bens materiais em maior escala. Os processos de cercamento, em que as terras de uso comunal passaram a ser privatizadas, empurraram os camponeses para os grandes centros urbanos. A ligação direta com a terra e o trabalho rural, pelo qual o camponês produzia seu sustento, foi cortada. As populações agrárias acumularam-se nas cidades e passaram a ter de vender sua força de trabalho nas grandes fábricas que se erguiam.
Nesse ponto, vemos que toda a estrutura social que havia existido até então se modificara. As relações entre indivíduos tornaram-se diferentes na medida em que sua realidade tornava-se distinta. Costumes que antes se justificavam em um mundo agrário e rural foram esquecidos ou se modificaram no meio urbano. Novos conflitos surgiram diante de uma nova configuração de relações trabalhistas e influenciados pelo capitalismo emergente, que foi o ponto principal da nova organização do mundo.
Resposta:
A modernidade é um período de tempo que se caracteriza pela realidade social, cultural e econômica vigente no mundo. Ao tratarmos da era moderna, pré-moderna ou ainda a pós-moderna, fazemos referência à ordem política, à organização de nações, à forma econômica que essas adotaram e inúmeras outras características. Entretanto, nessa trajetória que traçaremos aqui, o que nos importa é a trajetória do pensamento humano e o seu processo de construção. Para tanto, partiremos das reflexões de Zygmunt Bauman e de Max Weber para traçar uma linha que nos guie pelas mudanças do pensamento humano e sua conexão com a realidade histórica das pessoas que fizeram parte desse processo.