Explique a ação da força gravitacional nas galáxias
Soluções para a tarefa
RESPOSTA: No início de 1986, um grupo de astrônomos radicados nos Estados Unidos e Inglaterra, autodenominado os Sete Samurais, mostrou que a Via Láctea e outras galáxias vizinhas se moviam mais rapidamente do que a velocidade estimada de expansão do Universo. Uma anomalia cosmológica parecia arrastá-las 400 quilômetros por segundo acima do esperado em direção às constelações de Hidra e Centauro. A explicação para tal aceleração inesperada deveria ser a presença de uma quantidade colossal de massa não-identificada nessa região do Universo, que funcionaria como um ímã gravitacional para a nossa e outras galáxias adjacentes. Como um Grande Atrator, termo cunhado pelos cientistas para designar o fenômeno.
Desde então, muitos astrofísicos tentaram (e ainda tentam) localizar a origem da perturbação, sem chegar a uma resposta definitiva. Num artigo a ser publicado ainda este ano na revista científica européia Astronomy and Astrophysics, uma equipe internacional de pesquisadores, com a participação de um brasileiro, afirma ter identificado a estrutura que responde por metade do efeito Grande Atrator. Seria o supercluster Shapley, um megaagrupamento de galáxias distante um pouco menos de 500 milhões de anos-luz de nós (um ano-luz equivale à distância percorrida pela luz em um ano, cerca de 9,5 trilhões de quilômetros).
Descoberto na década de 1930 pelo astrônomo norte-americano Harlow Shapley, esse supercluster, composto por 44 clusters (agrupamentos) menores, cada um com centenas ou milhares de galáxias, se situa ao norte da constelação de Centauro e é visível apenas do hemisfério Sul terrestre, sempre com o auxílio de telescópios. Seu formato é o de uma nuvem ovalada de galáxias. De seus clusters centrais emanam raios X, indício de que ali há gás a temperaturas superiores a 10 milhões de graus Celsius. Devido às suas gigantescas proporções, Shapley é considerado por alguns astrofísicos como a maior estrutura localizada no chamado Universo local, que engloba tudo que existe a uma distância de uns 500 milhões de anos-luz da Terra. “Ele é cerca de 40 vezes maior que o grupo local de galáxias”, compara Laerte Sodré, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP), um dos autores do trabalho. O grupo local, do qual fazem parte a Via Láctea, Andrômeda e outras três dezenas de galáxias, mede aproximadamente 3 milhões de anos-luz.