Português, perguntado por estherzona301, 1 ano atrás

exemplos da sua materialização da revolução verde

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Respondido por BrunaSuzana23
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Líderes africanos da área da agricultura acreditam que, apesar de lenta, a revolução verde já iniciou no continente e evidências mostram ser possível a sua materialização até à próxima geração.

Este sentimento é partilhado pelo vice-presidente do Conselho de Administração da Aliança para uma Revolução Verde em África (AGRA), Strive Masiyiwa, que semana passada participou no III Fórum Africano de Revolução Verde, organizado em Maputo pela sua instituição.

“Nos próximos 25 anos, quando – e não ‘se’ – a revolução verde em África tiver sido alcançada, os agricultores de pequena escala que vocês conhecem hoje, serão muito diferentes. Deixem-me partilhar a minha visão: eles poderão continuar a trabalhar numa área que poderá não ser muito maior, mas que estará a produzir 10/20 vezes mais do que hoje”, disse Masiyiwa falando a imprensa.

“Estarão a utilizar sementes novas, fertilizantes, métodos modernos, e serão jovens, com competências, com carros e camiões nas suas casas. Não serão como a minha avó. Eles terão acesso a informações sobre o mercado, conhecerão os preços de tudo em todo lado, serão como os agricultores de pequena escala na França ou no Japão. Gostaria que também partilhassem a mesma, porque é o que temos de alcançar”, acrescentou.

No entanto, até a materialização dessa visão será necessário percorrer um longo caminho de modo a revolucionar o actual estado da agricultura em África, um sector que emprega cerca de 65 por cento da população, mas que contribui apenas com 32 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

No geral, a actividade ainda é feita de maneira tradicional, com baixo uso de sementes melhoradas, fertilizantes, falta de métodos modernos de irrigação, serviços de extensão, conhecimentos de mercado, entre outros aspectos importantes para o sucesso da actividade.

Por exemplo, actualmente, mais de 80 por cento dos agricultores africanos depende de sementes não melhoradas. O uso de fertilizantes é estimado entre um a nove quilogramas por hectare, contra 200 a 600 quilogramas por hectare na Europa.

Estudos mostram que a produção de alimentos, particularmente cereais, em África cresceu regularmente nos últimos 10 anos, mas a disponibilidade de comida no continente continua insuficiente para alimentar uma população em franco crescimento.

Como consequência, cerca de 250 milhões de pessoas de uma população estimada em um bilião continua a sofrer de insegurança alimentar. Por outro lado, África continua a gastar 40-50 biliões de dólares anuais na importação de alimentos.

A Comissária da União Africana (UA) para a Economia Rural e Agricultura, Rhoda Peace, disse que a dependência do continente por alimentos importados aumentou de cerca de 12 por cento em 2000 para cerca de 18 por cento em 2010 para culturas alimentares e de quatro para oito por cento para carne, durante o mesmo período.

Em 2003, a cimeira da UA em Maputo aprovou o Programa Compreensivo de Desenvolvimento de Agricultura (CAADP), um instrumento através do qual os estadistas africanos comprometeram-se a, dentre outras medidas, alocar pelo menos 10 por cento do orçamento dos seus países para a agricultura e garantiam um crescimento anual do sector em seis por cento.

Volvidos 10 anos após a Declaração de Maputo, apenas 10 países conseguiram alcançar esta meta. Outras fontes de informação, como é o caso do relatório sobre o Estado da Agricultura em África, apontam para oito o número de países que alcançaram essa meta.

Falando em entrevista a AIM, o Presidente da Confederação das Associações de Pequenos Agricultores da África Oriental, Philip Kiriro, disse que o seu grupo não sente o crescimento económico que os seus países têm estado a registar nos últimos anos.

“Os pequenos agricultores estão a tornar-se mais pobres, mesmo nos países onde há um aumento significativo da economia. Essa é a nossa grande preocupação”, disse ele, anotando que, apesar dos governos falarem muito sobre a transformação da agricultura, “não conseguem conceber um modelo de desenvolvimento desse plano”.

Outra questão que, segundo Kiriro, preocupa muito aos pequenos agricultores de África tem a ver com o acesso à terra e, sobretudo, a legalização dos seus direitos sobre esse recurso.

“Entre 90 a 98 por cento dos pequenos agricultores não têm direitos legais sobre a sua terra e como terão recursos para desenvolver a sua terra numa situação em que não possuem títulos?”, questiona o agricultor.

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