Eu quero saber a opinião critica sobre o livro o edifício
Soluções para a tarefa
A novela gráfica O Edifício constrói suas personagens de maneira a que suscitem uma coletividade que represente a fugacidade do cotidiano, da vida citadina, através do uso de página. Além disso, arrisco a tentar identificar na obra uma possível empreitada crítica ao modo de vida moderno capitalista, tecnicista, que se desenvolve no bojo da obra.
Will Eisner
Will Eisner
Para abordar a constituição das personagens e, por assim dizer, seus “tipos sociais” podemos lançar mão dos parâmetros sugeridos por Antônio Cândido em A personagem de ficção, que trata das diferentes tipos de personagens desde sua constituição até sua classificação. Apesar desse texto ser mais comumente aplicado a obras literárias, penso ser válida a extensão que aqui utilizo para o campo dos quadrinhos justamente por O Edifício se tratar de uma novela gráfica. Ou seja, a construção do enredo e a complexidade da interação das personagens da novela gráfica com o meio nela caracterizado, em nada minoram seu valor diante de uma obra literária – aliás, a novela gráfica faz uso de semelhantes ferramentas para estabelecer uma relação obra-leitor, principalmente a capacidade do o enredo comportar valores e ideias que em muito ultrapassam o limite da “ação” dos desenhos página a página. Portanto, buscar em Monroe Mensh, Gilda Green, Antonio Tonatti e P. J. Hammond as marcas, na constituição destes personagens no enredo, que apontam os grupos que eles podem representar pode ser uma leitura proveitosa. Aqui, também, pretendo analisar como a linguagem verbal é articulada para elucidar esses tipos – principalmente a utilizada pelas personagens de menor enfoque na novela gráfica – e também a relação toda que esses dados anteriores podem estabelecer com a construção de um estereótipo.
Boa parte da análise será pautada na obra de Scott McCloud, Desvendando os quadrinhos. Tentarei, através de uma leitura de página, mostrar como ela (a página) é a principal ferramenta para trazer aos olhos do leitor a vida cotidiana; mostrar de que maneira Eisner consegue trabalhar a divisão de páginas para o fim da representação da vida urbana.
É desta leitura que irá emergir uma possível crítica ao modo de vida moderno – pautando-me ainda na leitura de Os Filhos do Barro, de Octávio Paz. Classificando os aspectos da vida moderna e a transformação que o meio cosmopolita promove nos seres nele inseridos – no nosso caso, as personagens de O Edifício –, indicando uma ligação com a “incompletude”, ou não-realização pessoal em vida, encenadas e encerradas nas personagens da obra.