eu preciso criar uma crônica sobre a vida cotidiana
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Hoje no teatro, após todos os espetáculos já terem começado, me chamaram na entrada pois um motorista de táxi precisava falar comigo.
Era um senhor muito gentil, idoso, com a cabeça toda bem branquinha: “Senhora, boa noite!” disse. “Trouxe uma moça aqui e ela esqueceu essa bolsa no carro.” Era uma sacola da Mac.
Após cumprimentá-lo, perguntei o horário e se ele saberia descrevê-la. “Ela estava com uma blusa azul bem brilhosa, com paetês. E usava uma calça branca. Tinha cabelo escuro, todo puxado pra trás. Eram oito horas e ela estava preocupada com o horário.”
“Deve ser o espetáculo das oito e meia.” pensei. “Farei o possível para encontrá-la. Estamos com a casa lotada.”
Nos despedimos agradecidos. Da minha parte, estava grata por um momento de pura delicadeza com um estranho, coisa cada vez mais rara de acontecer em tempos de intolerância, onde discute-se por nada e por tudo.
Compartilhei a situação com a equipe e combinamos de tentarmos encontrá-la ao término do espetáculo. Assim que os aplausos começaram nos espalhamos pela plateia em busca da “moça da sacola da Mac”. Fomos indagando às mulheres que mais se aproximavam da descrição, sem sucesso. Até que uma a uma todas as pessoas deixaram a sala.
Nos olhamos frustrados e começamos a especular inutilmente: seria alguém do elenco? Ou da peça das nove?
Desci para minha sala e coloquei a sacola sobre a minha mesa, sentindo uma pontinha de derrota, e comecei a fechar a sala. Isidro se despediu de mim e foi para o elevador. Segundos depois o telefone tocou e era da portaria: “Dona Leysa, as duas senhoras que perderam a bolsa estão aqui no térreo.”
Fui para a portaria e as duas senhoras estavam me aguardando. Deveriam ter uns setenta e poucos anos. Uma toda de preto. A outra com uma blusa lilás, sem brilho algum e calça bege. Seus cabelos eram louros. Nunca as encontraríamos.
Quando entreguei a sacola ela abriu um grande sorriso, virou-se para a amiga e disse: “Feliz aniversário, amiga”. Abraçaram-se dando pulinhos. Meus olhos se encheram d’água. Ambas me abraçaram e agradeceram muito. Parabenizei a aniversariante, todas nos beijamos e nos despedimos felizes.
Perguntei aos rapazes como as haviam encontrado e soube pelo Vinícius que o Isidro, que acabara de se despedir de mim, passou ao lado delas justamente no instante em que uma dizia: “Amiga, eu comprei o seu presente, mas esqueci no táxi.”.
É, existe Murphy, mas Gantt também marca presença de tempos em tempos, arquitetando simples e genuínos momentos de felicidade na vida
Era um senhor muito gentil, idoso, com a cabeça toda bem branquinha: “Senhora, boa noite!” disse. “Trouxe uma moça aqui e ela esqueceu essa bolsa no carro.” Era uma sacola da Mac.
Após cumprimentá-lo, perguntei o horário e se ele saberia descrevê-la. “Ela estava com uma blusa azul bem brilhosa, com paetês. E usava uma calça branca. Tinha cabelo escuro, todo puxado pra trás. Eram oito horas e ela estava preocupada com o horário.”
“Deve ser o espetáculo das oito e meia.” pensei. “Farei o possível para encontrá-la. Estamos com a casa lotada.”
Nos despedimos agradecidos. Da minha parte, estava grata por um momento de pura delicadeza com um estranho, coisa cada vez mais rara de acontecer em tempos de intolerância, onde discute-se por nada e por tudo.
Compartilhei a situação com a equipe e combinamos de tentarmos encontrá-la ao término do espetáculo. Assim que os aplausos começaram nos espalhamos pela plateia em busca da “moça da sacola da Mac”. Fomos indagando às mulheres que mais se aproximavam da descrição, sem sucesso. Até que uma a uma todas as pessoas deixaram a sala.
Nos olhamos frustrados e começamos a especular inutilmente: seria alguém do elenco? Ou da peça das nove?
Desci para minha sala e coloquei a sacola sobre a minha mesa, sentindo uma pontinha de derrota, e comecei a fechar a sala. Isidro se despediu de mim e foi para o elevador. Segundos depois o telefone tocou e era da portaria: “Dona Leysa, as duas senhoras que perderam a bolsa estão aqui no térreo.”
Fui para a portaria e as duas senhoras estavam me aguardando. Deveriam ter uns setenta e poucos anos. Uma toda de preto. A outra com uma blusa lilás, sem brilho algum e calça bege. Seus cabelos eram louros. Nunca as encontraríamos.
Quando entreguei a sacola ela abriu um grande sorriso, virou-se para a amiga e disse: “Feliz aniversário, amiga”. Abraçaram-se dando pulinhos. Meus olhos se encheram d’água. Ambas me abraçaram e agradeceram muito. Parabenizei a aniversariante, todas nos beijamos e nos despedimos felizes.
Perguntei aos rapazes como as haviam encontrado e soube pelo Vinícius que o Isidro, que acabara de se despedir de mim, passou ao lado delas justamente no instante em que uma dizia: “Amiga, eu comprei o seu presente, mas esqueci no táxi.”.
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