Português, perguntado por rychardpdshh7923, 1 ano atrás

[...] Eu digo que, em resumo, este nosso Mundo é perfeito e não há nos espaços outro mais bem organizado. Porque note V. como, ao fim deste domingo de Maio, todas estas três excelentes criaturas, com uma simples jornada a Versalhes, obtiveram um ganho positivo na vida. Chambray passou por um imenso prazer e uma imensa vaidade — os dois únicos resultados que ele conta na existência como proventos sólidos, e valendo o trabalho de existir. Madame experimentou uma sensação nova ou diferente, que a desenervou, a desafogou, lhe permitiu reentrar mais acalmada na monotonia do seu lar, e ser útil aos seus com rediviva aplicação. E o argentino adquiriu outra inesperada e triunfal certeza, de quanto era amado e feliz na sua escolha. Três ditosos, ao fim desse dia de Primavera e de campo. E se daqui resultar um filho (o filho que o argentino apetece), que herde as qualidades fortes e brilhantemente gaulesas de Chambray, acresce, ao contentamento individual dos três, um lucro efectivo para a sociedade. Este mundo, portanto, está superiormente organizado. Amigo fiel, que fielmente o espera à volta da Holanda — FRADIQUE. QUEIROZ, Eça de. Carta a Ramalho Ortigão. Correspondência de Fradique Mendes. In: Obras de Eça de Queiroz. Porto: Lello & Irmão Editores, 1966. p. 1059. A leitura do fragmento e/ou da obra permite afirmar: (01) A criação de um cenário bucólico como pano de fundo das ações apontadas no trecho transcrito acentua a monotonia da vida fora das metrópoles. (02) A colocação de personalidades reais e conhecidas como destinatárias de sua correspondência empresta a Fradique uma dimensão real e humana. (04) A exaltação do passado de glórias de Portugal aparece repetidamente no texto do romance. (08) O entusiasmo de Fradique pelo ambiente francês é proporcional à visão crítica que manifesta sobre o Portugal que lhe era contemporâneo. (16) O narrador, ao fazer a ressalva introduzida pelo travessão, enfatiza valores que lhe são caros e que justificam sua existência. (32) A onisciência do narrador, presente no fragmento, constitui-se como uma exceção no contexto das obras realistas.

Soluções para a tarefa

Respondido por waltercaminha
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Olá, tudo bem? Vou te ajudar nessa questão:

Vamos analisar as afirmativas e somar os pontos das verdadeiras:

(01) Falsa. É mencionada a monotonia apenas em relação ao lar descrito na carta.

(02) Verdadeira. Fica aparente a verossimilhança da carta.

(04) Verdadeira. É possível ver a exaltação de Portugal ao longo do texto de Eça de Queirós.

(08) Verdadeira. Ao dizer que os personagens foram a Versalhes e "obtiveram um ganho positivo na vida", podemos ver o entusiasmo do personagem em relação ao ambiente francês, em detrimento de sua visão de Portugal contemporâneo.

(16) Falsa. O narrador enfatiza a visão de Chambray sobre os frutos de sua existência. 

(32) Falsa. Narradores oniscientes eram comuns no Realismo.

Logo, a resposta correta é 02 + 04 + 08 = 14.
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