Estabeleça a relação entre o estado moderno e as navegaçoes.
Soluções para a tarefa
A partir do século XI a Europa Ocidental passou por um conjunto de mudanças que culminou no fim do regime feudal. Foi nesse período que ocorreu a chamada Revolução Comercial, consistente no crescimento da atividade econômica, antes secundária, e no consequente aumento da influência dos comerciantes ou burgueses.
O fortalecimento econômico da burguesia ocorreu simultaneamente ao enfraquecimento da nobreza e, consequentemente, ao fortalecimento da monarquia. De fato, havia uma convergência de interesses entre a burguesia e a monarquia, na medida em que esta pretendia retomar o poder sobre o todo o reino, enquanto àquela seria favorável essa centralização a fim de possibilitar a unificação do sistema de pesos e medidas, da cunhagem de moedas e do sistema tributário.
Os Estados em que a monarquia conseguiu recuperar todo o seu poder passaram a ser chamados de Estados Modernos ou Monarquias Nacionais, caracterizadas pela concentração de todos os poderes na pessoa do rei (absolutismo). Foram esses Estados que possibilitaram a expansão ultramarina europeia a partir do século XV, fato que levou à ocupação da América, ao renascimento da escravidão e à intensa exploração econômica das terras descobertas. Com o poder novamente centralizado em suas mãos, os monarcas passaram a adotar uma política econômica mercantilista, caracterizada pela concepção metalista de riqueza e pela teoria da balança comercial favorável.
Segundo a concepção metalista, a riqueza de um país era representada pela quantidade de metais preciosos por ele acumulada, e, segundo a teoria da balança comercial favorável, se um país apresentasse um superávit de exportações em relação às importações aumentaria a sua riqueza. Dessa forma, o objetivo do Estado passava a ser obter produtos pelo menor valor possível e exportá-los com a maior margem de lucro possível, sendo o mercantilismo considerado, nesse contexto, como fonte de poder para o Estado.
Apesar de todo o desenvolvimento verificado com a crise do regime feudal, o comércio parecia ter atingido seu limite de consumo, fazendo surgir a necessidade de diversificação dos produtos. Com base na teoria da balança comercial favorável, então, os Estados Modernos passaram a incentivar as grandes navegações, com o objetivo de buscar diretamente na origem especiarias e metais (produtos altamente valorizados no mercado europeu), a fim de acabar com os intermediários e reduzir o custo dos produtos, e a criar medidas protecionistas, impondo restrições às importações.
Por meio da expansão ultramarina, então, os Estados europeus começaram a povoar novas terras e a explorá-las, com o intuito de acumular cada vez mais riquezas. Através do escambo realizado com os nativos e da escravidão, eles passaram a extrair toda forma de riqueza possível de suas colônias, instituindo o monopólio sobre diferentes produtos – somente o Estado que houvesse decretado o monopólio poderia explorar determinado produto, e qualquer outro só poderia adquiri-lo por meio daquele, a exemplo do que fez Portugal com o pau-brasil.
- Pioneirismo português:
O processo de expansão ultramarina europeia foi iniciado por Portugal, que logo foi seguido por Espanha, França, Inglaterra e Holanda. O pioneirismo português decorreu de um conjunto de fatores, dentre os quais se destaca a precoce centralização monárquica. De fato, enquanto a maioria dos Estados passou por longos e desgastantes conflitos até se transformar em uma Monarquia Nacional, Portugal o fez em um curto período de tempo, e no século XIV, com a dinastia de Avis, a situação política já estava estável no país.
Além disso, Portugal ocupava uma posição privilegiada tanto no aspecto geográfico quanto tecnológico. O litoral português era ponto de chegada e partida de inúmeras embarcações e a Escola de Sagres, formada no país pela concentração de estudiosos de diferentes áreas (navegadores, cartógrafos, astrônomos, matemáticos e construtores) possibilitou o aprimoramento das técnicas de navegação.
O marco inicial da expansão marítima portuguesa foi a conquista de Ceuta, no norte da África, no ano de 1415. Seguiram-se a esse evento a conquista de algumas ilhas atlânticas; a ultrapassagem do Cabo da Boa Esperança por Bartolomeu Dias em 1488; a chegada de Vasco da Gama a Calicute, na Índia, em 1498; e a chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil no ano de 1500.