… esta palavra, Filosofia, significa o estudo da sabedoria, e por sabedoria não se deve entender apenas a prudência nos negócios, mas um conhecimento perfeito de todas as coisas que o homem pode saber, tanto para a conduta da sua vida como para a conservação da saúde e invenção de todas as artes. E para que este conhecimento assim possa ser, é necessário deduzi-lo das primeiras causas, de tal modo que, para se conseguir obtê-lo – e a isto se chama filosofar –, há que começar pela investigação dessas primeiras causas, ou seja, dos princípios. Estes devem obedecer a duas condições: uma, é que sejam tão claros e evidentes que o espírito humano não possa duvidar da sua verdade, desde que se aplique a considerá-los com atenção; a outra, é que o conhecimento das outras coisas dependa deles, de maneira que possam ser conhecidos sem elas, mas não o inverso. Depois disto, é indispensável que, a partir desses princípios, se possa deduzir o conhecimento das coisas que dependem deles, de tal modo que, no encadeamento das deduções realizadas, não haja nada que não seja perfeitamente conhecido.” Descartes. “À medida que Descartes vai desenvolvendo sua ideia de um sistema reconstruído de conhecimento, vemos surgir dois componentes específicos da visão cartesiana. O primeiro é um individualismo radical: a ciência tradicional, ‘composta e acumulada a partir das opiniões de inúmeras e variadas pessoas, jamais logra acercar-se tanto da verdade quanto os raciocínios simples de um indivíduo de bom senso’. O segundo componente é uma ênfase na unidade e no sistema: ‘Todas as coisas que se incluem no alcance do conhecimento humano são interligadas’”. Cottingham. Considerando os textos acima, que tratam da teoria cartesiana do conhecimento, é INCORRETO afirmar que:
a) a teoria cartesiana do conhecimento implica um sistema em que todos os conteúdos encontram-se intimamente relacionados.
b) a teoria do conhecimento cartesiana pretende, a partir da elaboração de um método preciso, reconstruir o conhecimento em bases sólidas.
c) a teoria do conhecimento cartesiana, que tem como objetivo a elaboração de uma ciência universal, serve-se, em certa medida, do modelo indutivista para alcançar seu objetivo.
d) o conhecimento que se tem de cada coisa deriva de um processo no qual cada etapa pode ser conhecida sem o concurso de etapas posteriores, mas não o inverso.
e) quando determinada noção se apresenta com clareza e com distinção, o sujeito pensante entende que se encontra frente a um conhecimento verdadeiro pela própria natureza da concepção cartesiana do conhecimento.
Soluções para a tarefa
Considerando os textos que tratam da teoria cartesiana do conhecimento, é INCORRETO afirmar que:
c) a teoria do conhecimento cartesiana, que tem como objetivo a elaboração de uma ciência universal, serve-se, em certa medida, do modelo indutivista para alcançar seu objetivo.
O conhecimento em Descartes é primeiramente algo uno e construído a partir da unidade do intelecto. Isso quer dizer que apesar da variedade existente no conjunto dos conhecimentos a ciência é na verdade una, pois o espírito que o desenvolve é uno.
O método, por conseguinte, se torna algo importantíssimo para Descartes, pois é ele quem demonstra a unidade do espírito que procede de maneira uniforme na construção dessa ciência que é total.
A construção de uma ciência total se faz a partir da definição das condições sobre as quais se constrói o método através do qual se pode duvidar sistematicamente e seguindo a ordem das razões assegurar a evidência do conhecimento adquirido.
Conhecer para Descartes é duvidar e de acordo com o método seguir a ordem das razões na construção de uma ciência com clareza e distinção. Desse modo, Descartes considera ser capaz de conceber uma ciência capaz de explicar tudo que diga respeito à ordem e à quantidade.
Bons estudos!
A teoria cartesiana é adepta ao método dedutivo, que parte do universal para o particular (C).
Descartes, filósofo moderno, resgatou o pensamento filosófico de Platão para se valer de como o homem conhece as coisas.
O filósofo, ao duvidar de tudo, duvidou, inclusive, de si mesmo, apropriando-se da DÚVIDA HIPERBÓLICA, isto é, dúvida exagerada.
Ao duvidar de si mesmo, Descartes notou que a existência das coisas pressupõe o seu conhecimento prévio. Assim, como as ideias são dadas por Deus aos homens, ele cunha a ideia de que "penso, logo existo". Se penso, eu existo.
Assim, a única coisa que não posso duvidar é que eu penso, mas as experiências no mundo podem me enganar. Para ele, as ideias são ou verdadeiras, falsas ou duvidosas.
A partir dessa teoria cartesiana, Descartes torna-se símbolo do racionalismo moderno de que as ideias já existem e que devemos confiar somente na faculdade da razão.
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