Filosofia, perguntado por sthefanecarvalho62, 6 meses atrás

Escreva um pequeno relato contando como vc tem encarado este momento de pandemia. Você prefere ver somente dificuldades ou ter fé para batalhar pelas oportunidades?​

Soluções para a tarefa

Respondido por doispause
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Pouca coisa é fácil na pandemia pela qual estamos passando, e temos nos confrontado com perguntas difíceis de responder. Em determinadas situações, é até impossível encontrar uma resposta correta.

O primeiro instinto da maioria da pessoas é dizer que a vida é a coisa mais importante e, portanto, não há razão para considerar outra coisa senão tentar salvar a todos a qualquer custo.

Para isso, decidimos colocar em risco os profissionais de saúde, sem dar muito espaço para dúvidas, embora as populações estejam agradecendo muito o serviço prestado por eles.

E, afirmando que "a economia se recupera, os mortos não", em vários lugares o sistema econômico foi amplamente paralisado, com altos níveis de aprovação.

No entanto, quando se fala em economia, nem todo mundo pensa apenas nos prejuízos do mercado de ações, quedas nos preços do petróleo ou no poder de compra dos consumidores.

A economia também está ligada à vida e à morte das pessoas, principalmente das populações mais pobres e vulneráveis.

As medidas de isolamento social impostas na maioria dos países vão causar recessão econômica, e as recessões matam. Não matam de uma única doença, nem como parte de um evento dramático como o que estamos vivendo, mas, sim, elas também reduzem a vida de indivíduos, muitos dos quais fazem parte do mesmo grupo vulnerável ao coronavírus.

Em lugares, como a América Latina, a recessão não é um risco para o futuro: o isolamento não vai matar as pessoas por causa da escassez de recursos a longo prazo — isso pode acontecer já nos próximos meses.

No final, podemos facilmente acabar sacrificando as pessoas, mas com justificativas diferentes.

Estamos no meio de uma situação em que não há respostas corretas: a única coisa a se aspirar é encontrar a melhor opção, pois a pandemia se encaixa exatamente na definição real de um dilema.

Dilemas

Não estamos falando sobre esses "dilemas" que personagens de comédias românticas enfrentam no decorrer dos filmes, nos quais eles precisam decidir entre uma pessoa bonita, inteligente, rica e convencional ou, por outro lado, um par bonito, inteligente, não tão rico e menos convencional.

Legenda da foto,

Os dilemas verdadeiros nada têm a ver com dúvidas simples de filmes românticos

"Esses não são dilemas. O uso de 'dilema' abarca seriedade e importância", explica María Lucía Rivera, PhD em filosofia e professora do Departamento de Bioética da Universidade El Bosque em Bogotá, na Colômbia.

Rivera estuda ética normativa e faz parte da Rede de Filósofos da América Latina e da Rede de Bioética, da Unesco.

Será que podemos recorrer a filósofos em busca de respostas sobre decisões importante durante a pandemia?

Não exatamente. A filosofia não nos dá respostas "fechadas".

"A filosofia se distingue de outros tipos de ciências, na medida em que não busca respostas práticas ou concretas, mas busca ampliar o campo de reflexão", explicou.

Por isso há quem diga que a filosofia é inútil. Mas não é bem assim...

"Em certo sentido, o valor da filosofia é justamente essa 'inutilidade', porque não visa a fornecer soluções e pode levar certo tempo para a reflexão cuidadosa. E, por outro lado, ela pode chegar a uma crítica sobre as soluções que são rapidamente propostas", diz Rivera.

A filosofia nos ajuda a pensar, e isso é algo de que precisamos muito em tempos de dilemas profundos.

Mas o que define um dilema?

Um dilema precisa se encaixar em algumas características. Tem de ser inevitável, ou seja, no momento em que ocorre, é impossível ignorá-lo.

Precisa ser trágico: não há dilema sobre coisas boas, o dilema sempre surge sobre as opções que alguém não gostaria de tomar ou justificar.

Por fim, o dilema é moralmente insolúvel: e isso é fundamental, porque às vezes confundimos a possibilidade prática de resolvê-lo, de tomar uma decisão, com o fato de que o dilema é eticamente solucionado.

"A essência do dilema é que ele não é resolvido eticamente, por isso é trágico, difícil e complicado", diz Rivera.

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sthefanecarvalho62: obrigada
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