Inglês, perguntado por hugomartins220t, 11 meses atrás

Escreva sobre as semelhanças e diferenças da cultura da masculinidade no Brasil e nos EUA:

Soluções para a tarefa

Respondido por talmaninhoo
0

Resposta:

Além de categoria histórica, o conceito de gênero pode ser empregado também como uma categoria política para analisar a questão da igualdade e da diferença, apontando para uma nova perspectiva de interpretação e transformação da realidade social.

A questão da diferença entre os seres humanos é parte da história da humanidade. Está presente nos mais diversos discursos - filosófico, religioso, biológico/científico, psicológico, antropológico e social. Mas é na modernidade que esse tema ganha maior relevância como objeto de análise.

Segundo Pierucci (1990), a certeza de que os seres humanos não são iguais, porque não nascem iguais e como tal não podem ser tratados como iguais, quem primeiro apregoou foi a direita, mais exatamente a ultradireita do final do século XVIII e primeiras décadas do século XIX, como reação ao ideal de igualdade e fraternidade cultuados pela Revolução Francesa. Portanto, a bandeira da defesa das diferenças, hoje empunhada à esquerda pelos "novos" movimentos sociais (das mulheres, dos negros, dos homossexuais etc), foi na origem - e permanece fundamentalmente - o grande signo das direitas, velhas ou novas, extremas ou moderadas. Funcionando no registro da evidência, as diferenças explicam as desigualdades de fato e reclamam a desigualdade (legítima) de direito.

Ao tematizar o "direito à diferença", esses movimentos sociais propõem novos imperativos categóricos para o "respeito às diferenças", a "preservação das particularidades culturais", a "irredutibilidade das experiências de gênero" e assim por diante. Para Pierucci (1990), essas reivindicações do "direito à diferença" trazem em si mesmas uma grande cilada2 por sua ambigüidade, uma vez que, por mais de duzentos anos, o amor à diferença foi alimentado pelo pensamento ultraconservador.

Ao longo da história, o debate da diferença entre os sexos desenvolveu-se principalmente entre duas perspectivas: a essencialista e a culturalista. O discurso essencialista exalta a "diferença sexual" e defende a existência de uma "essência feminina". Psicologizando ou biologizando as constatações sociológicas e culturais historicamente produzidas, realizam afirmações universalistas que aprisionam a feminilidade em modelos estruturados, ainda que ideologicamente valorizados (mulher como mãe e esposa). Supõe um feminismo universal e acaba justificando a discriminação das mulheres em função da essência feminina. Na perspectiva culturalista, as diferenças sexuais provêm da socialização e da cultura. Sob esta ótica, a superação da ordem e das leis patriarcais eliminaria as diferenças sexuais.

Uma terceira perspectiva, desenvolvida pela feminista francesa Françoise Collin (1992), a partir do conceito de pluralidade de Hannah Arendt, reúne os conceitos antagônicos de igualdade e diferença na constituição de uma categoria que não só respeita as diferenças como necessita delas. Collin propõe pensar a diferença em três níveis: entre o sujeito-mulher e a sua condição de mulher; entre as mulheres; e entre as mulheres e o mundo dos homens. Com relação à diferença entre o sujeito mulher e a sua condição de mulher, lembra que uma mulher não é só uma mulher. Um sujeito mulher não se reduz à sua feminilidade; ao contrário, é um sujeito heterogêneo. Sobre a diferença entre as mulheres, aponta para a necessidade de construir um novo tipo de sociabilidade entre elas, que incorpore e articule as diferenças. Com relação às diferenças entre as mulheres e o mundo dos homens, ressalta a necessidade de uma nova forma de compreensão dessa relação.

Para Collin (1992), a diferença sexual não é uma questão teórica, mas sim uma questão da práxis. A diferença sexual só aparece na experiência do diálogo que confronta uma mulher e um homem, mulheres e homens, um sujeito-mulher (ou homem) e a sua condição de gênero, no espaço público, social ou privado. A proposta de Collin incorpora, em um diálogo contínuo, a igualdade e as diferenças sem negá-las, num constante jogo dialético em que a pluralidade e o diálogo são os princípios fundamentais.

A desconstrução da oposição binária igualdade/diferença também é defendida por Scott (1988), à luz de Derrida. Segundo ela, a própria antítese igualdade-versus-diferença oculta a interdependência dos dois termos, uma vez que a igualdade não é a eliminação da diferença e a

Perguntas interessantes