História, perguntado por paulaaraujo4484, 1 ano atrás

escreva o trecho do discurso em sua opinião trata especialmente da questão de terras em roma

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Respondido por MagsoneJohn
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Nos últimos anos temos refletido sobre a concepção e a prática político-religiosa que se expressam na “luta pela terra” propulsada pelos setores da Igreja autodenominados de “progressistas” - em nosso caso, a CPT - como uma concepção e uma prática “heterodoxas” que produzem efeitos, principalmente, no “campo político da representação camponesa” e no “campo ideológico da luta pela terra”, numa conjuntura que abarca o final da década de 70 e grande parte dos anos 80, de abertura e redemocratização nacional, mas que foi de extrema violência para os grupos subalternos agrários.

Através da diferenciação entre um “campo político da representação camponesa” e um “campo ideológico de luta pela terra” estamos tentando aproveitar a proposta analítica apontada por Bourdieu através da construção das noções de “campo político” e de “campo da produção ideológica” (Bourdieu, 1989), na qual se procura remarcar a distinção entre os processos de luta pela representação e mediação política legítima dos atores sociais (em nosso caso, do campesinato), e os conflitos que se manifestam nos processos de produção ideológica, isto é, os conflitos travados entre atores específicos pelo reconhecimento da questão do acesso à terra como componente fundamental nos debates sobre a democratização do paísstas concepção e prática “heterodoxas” produzem também um outro conjunto de efeitos que se manifestariam sobre a própria Igreja Católica, analisada como um espaço social específico, o “campo religioso “ (Bourdieu, 1971) da Igreja Católica. Isto é, um complexo campo de lutas no qual poderiam identificar-se, principalmente, relações de conflito entre a hierarquia, o clero e o laicato em torno de questões específicas como a do monopólio do poder eclesial.

A heterodoxia da concepção e da prática da CPT estariam dadas pela manifestação de um duplo processo: de “religiosização” do político e de “politização” do religioso. Pensar ou agir religiosamente seria considerar a realidade em termos de um universo simbólico que orienta a experiência dos homens segundo um sistema religioso em sua origem. Geertz (1978) entende por religião um sistema simbólico que implica concepções que dizem respeito a uma visão de mundo e a um etos, assim como um tipo de ação particular. Para ele a essência da ação religiosa consiste em imbuir um certo complexo específico de símbolos - da metafísica que formulam e do estilo de vida que recomendam - de uma autoridade persuasiva. A dimensão da religiosidade alimentaria a ação por meio da “paixão” e da “utopia”.

Pensar e agir politicamente implicaria considerar a realidade em função de um universo simbólico particular, o da política, cuja definição legítima é produto de conflitos que poderiam ser pensados como constitutivos de uma campo específico (Bourdieu, 1989). Geertz ressalta que a política é uma das principais arenas onde as estruturas de significado - nas quais os homens dão forma à sua experiência - se desenrolam publicamente. Através da noção de “política do significado” procura destacar que os processos políticos são mais amplos e profundos do que as instituições formais destinadas a regulamentá-los (Geertz, 1978).

O reconhecimento da legitimidade da Igreja Católica e de suas concepções e práticas em ambos os campos - no “campo político da representação camponesa” e no “campo ideológico de luta pela terra” - teria influenciado nos processos de construção das identidades políticas das classes subalternas agrárias, como também na conformação do imaginário da luta pela terra.

Este trabalho procura, em especial, identificar algumas das características do discurso religioso da Igreja Católica, visando contribuir na compreensão do imaginário da luta pela terra produzido no campo ideológico específico.

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