Eram todos negros: uma viola, um clarinete, um pandeiro e uma cabaça. Juntaram-se na varandinha de uma casa abandonada e ali ficaram chorando valsas, repinicando sambas. E a gente veio se ajuntando, calada, ouvindo. Alguém mandou no botequim da esquina trazer cerveja e cachaça. E em pé na calçada, ou sentados no chão da varanda, ou nos canteiros do jardinzinho, todos ficamos em silêncio ouvindo os negros. Os que ouviam não batiam palmas nem pediam música nenhuma; ficavam simplesmente bebendo em silêncio aquele choro, o floreio do clarinete, o repinicado vivo e triste da viola. Só essa música que nos arrasta e prende, nos dá alegria e tristeza, nos leva a outras noites de emoções –e grátis. Ainda há boas coisas grátis, nesta cidade de coisas tão caras e de tanta falta de coisas. Grátis –um favor dos negros. Alma grátis, poesia grátis, duas horas de felicidade grátis – sim, só da gente do povo podemos esperar uma coisa assim nesta cidade de ganância e de injustiça. Só o pobre tem tanta riqueza para dar de graça.
Texto adaptado de BRAGA, Rubem. Um pé de milho. 5 ed., Rio de Janeiro: Record, 1993, pp. 104-
105
1. Observando as marcas linguísticas que evidenciam o locutor do texto, podemos afirmar que se trata de: *
a) um narrador observador que não participa dos fatos.
b) um narrador personagem que participa dos acontecimentos.
c) alguém que apenas ouviu de outros a narração dos fatos.
d) alguém que se mantém distante e indiferente.
e) um narrador onisciente capaz de ver os acontecimentos.
Soluções para a tarefa
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Resposta:
B-Um narrador personagem que participa dos acontecimentos
delkfrancoelho:
obrigado
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a resposta é letra B
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