Entre os anos de 1964 a 1985, o Brasil conheceu a experiência política do regime de ditadura militar, que se caracterizou por centralizar as decisões políticas e exercer forte controle e censura às expressões artísticas e à participação popular. Diante disto, surgiram formas de resistência, contravenção e contestação, o que acabou por favorecer a reabertura política e a transição para o regime democrático. Diante disto, disserte sobre as principais influências e momentos da mobilização social e sua importância no processo de contestação e derrubada do regime militar.
Soluções para a tarefa
Diferente para toda a América Latina e a adesão de vários grupos ao modelo A influência da Revolução Cubana mostrava a possibilidade de um caminho cubano de guerrilha intensificou-se após 1964. Essas organizações pretendiam ser embriões de um exército popular revolucionário. Entre outras, podemos citar o Movimento Nacionalista Revolucionário - MNR, dirigido pelo ex-governador gaúcho Leonel Brizola: o Movimento Armado Revolucionário-MAR, os Comandos de Libertação Nacional (COLINA), a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), advindos do esfacelamento do MNR: a Organização Revolucionária Marxista - Politica Operária (POLOP), que teve um movimento armado frustrado logo após o golpe, conhecido como a "guerrilha de Copacabana"; a VPR e o COLINA absorveram dissidentes da POLOP em 1967; a Ação Popular-AP, cujo dirigente principal foi Herbert José de Souza, o Betinho; o Partido Revolucionário dos Trabalhadores-PRT, dissidente da AP: a Aliança Nacional Libertadora-ANL, principal grupo de guerrilha urbana, dirigida por Carlos Marighela, dissidência do PCB, tal como do PCBR; Movimento Revolucionário 8 de Outubro - MR-8; a Ala Vermelha e o Partido Comunista Revolucionário-PCR, dissidências do PC do B. Ocorreram ainda dois movimentos armados de destaque: a guerrilha do Vale da Ribeira, organizada pelo capitão Lamarca, da VPR, e a guerrilha do Araguaia, organizada pelo PC do B, em 1972, após estarem praticamente desmantelados os movimentos armados urbanos, sendo considerada a principal e talvez, única, guerrilha rural do Brasil. Não somente de luta armada se constituiu a resistência ao regime. Também deve ser relevado o papel do movimento estudantil nos processos políticos oposicionistas. Ainda que com tradição elitista, os estudantes na década de 1960, principalmente os universitários, acabaram por assumir um posicionamento mais próximo das lutas populares, visto que, na maioria, constituía-se a estudantil de jovens pertencentes principalmente às classes médias brasileiras. a mas movimento conseguiu atingir uma escala nacional de organização e, entre 1964 e 1968, foi a principal força de oposição ao governo militar. Anteriormente, desde os anos de 1950, vinculados à ala progressista da Igreja Católica, a partir de 1961, militantes da AP passam a controlar a União Nacional dos Estudantes-UNE. A manifestações no final de março de 1968, em razão de sepultamento do estudante secundarista Edson Souto, morto pela policia, se davam em um momento em que o movimento estudantil já acumulava certa experiência ao lado das aspirações de cunho popular. O ápice deste desenvolvimento politico se deu na famosa Passeata dos Cem Mil, em fins de junho de 1968, quando a UNE começa a ser perseguida (um de seus congressos, em Ibiúna, interior de São Paulo, foi desmantelado pelo governo). Movimento que detinha um poder cultural, a UNE foi responsável pela criação do Centro Popular de Cultura - CPC, que objetivava a politização das massas. Outra vertente que se destacou no combate à ditadura partiu de setores dissidentes da CNBB (que, em 1964, apoiara com fervor o golpe contra a escalada comunista) e estruturas leigas da Igreja Católica que, desde o começo de 1960, formaram uma ampla esquerda "cristã". Neste campo estavam membros do clero e leigos organizados nas Comunidades Eclesiais de Base - CEBS, pastorais populares, na Juventude Universitária Católica JUC, Juventude Estudantil Católica-JEC e Juventude Operária Católica - JOC, movimentos de educação de base e outros, em grande medida guiados pela Teologia da Libertação, movimento de fundo doutrinário que teve caráter cismático dentro da Igreja Católica Apostólica Romana. Por fim, cabe ressaltar, no final dos anos de 1970, a reorganização do movimento sindical, estimulando as greves dos trabalhadores, com destaque para os metalúrgicos. Em fins de outubro de 1978, cerca de oito mil metalúrgicos paralisaram as atividades nas fábricas da Fiat Automóveis, Krupp Indústrias Mecânicas e FMB Produtos Metalúrgicos, na região de Betim, junto de Belo Horizonte. Em São Paulo, a greve deflagrada a partir da zero hora do dia 30 do mesmo mês chegou a paralisar quase 148 mil operários, em 385 empresas, segundo dados da Delegacia Regional do Trabalho. Nestas manifestações é que se revelou publicamente o nome do líder sindical Luís Inácio, o Lula.