(Enem, 2008)
São Paulo vai se recensear. O governo quer saber quantas pessoas governa. A indagação atingirá a fauna e a flora domesticadas. Bois, mulheres e algodoeiros serão reduzidos a números e invertidos em estatísticas. O homem do censo entrará pelos bangalôs, pelas pensões, pelas casas de barro e de cimento armado, pelo sobradinho e pelo apartamento, pelo cortiço e pelo hotel, perguntando:
— Quantos são aqui?
Pergunta triste, de resto. Um homem dirá:
— Aqui havia mulheres e criancinhas. Agora, felizmente, só há pulgas e ratos.
E outro:
— Amigo, tenho aqui esta mulher, este papagaio, esta sogra e algumas baratas. Tome nota dos seus nomes, se quiser. Querendo levar todos, é favor... (...)
E outro:
— Dois, cidadão, somos dois. Naturalmente o sr. não a vê. Mas ela está aqui, está, está! A sua saudade jamais sairá de meu quarto e de meu peito! (BRAGA, Rubem. Para gostar de ler. v. 3. São Paulo: Ática, 1998, p. 32-3 (fragmento))
O fragmento acima, em que há referência a um fato sócio-histórico — o recenseamento —, apresenta característica marcante do gênero crônica ao:
Soluções para a tarefa
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Resposta Correta: valer - se de tema do cotidiano como ponto de partida para a construção do texto que recebe tratamento estético
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Infere-se como alternativa adequada ao enunciado da questão a letra “E”,
visto se tratar de um gênero que capta flagrantes da vida real e que, diante da habilidade do escritor, torna-se relatado de forma poética, podendo se apresentar desde a forma cômica até àquele texto que nos instiga a uma reflexão mais aprofundada.
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