Português, perguntado por 543477, 1 ano atrás

(ENEM – 2007)
O açúcar
O branco açúcar que adoçará meu café nesta manhã de Ipanema não foi produzido por mim nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. Vejo-o puro e afável ao paladar como beijo de moça, água na pele, flor que se dissolve na boca. Mas este açúcar não foi feito por mim. Este açúcar veio da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, [dono da mercearia. Este açúcar veio de uma usina de açúcar em Pernambuco ou no Estado do Rio e tampouco o fez o dono da usina. Este açúcar era cana e veio dos canaviais extensos que não nascem por acaso no regaço do vale. (...) Em usinas escuras, homens de vida amarga e dura produziram este açúcar branco e puro com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
(Ferreira Gullar. Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980, p. 227-8.)
A antítese que configura uma imagem da divisão social do trabalho na sociedade brasileira é expressa poeticamente na oposição entre a doçura do branco açúcar e:
a) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açúcar. b) o beijo de moça, a água na pele e a flor que se dissolve na boca. c) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco, onde se produz o açúcar. d) a beleza dos extensos canaviais que nascem no regaço do vale. e) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras.

Soluções para a tarefa

Respondido por jalves26
278

Alternativa E.

>> No poema, a antítese está no contraste entre a doçura do branco açúcar e o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras.

Perceba como o poeta usa o adjetivo "amarga" para se referir à vida dos cortadores de cana justamente por constrastar com o adjetivo "doce", que se refere ao produto do seu trabalho (o açúcar). O mesmo acontece com "branco" versus "escuro". O produto branco é feito em usinas escuras.Há um contraste de palavras e ideias.

Respondido por chrysthinafigueira
150

E) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras.

Justificativa: A questão propõe a interpretação do poema, a partir da compreensão da figura de linguagem antítese, recurso que o poeta utiliza. Ora, antítese como o próprio enunciado esclarece é o uso de ideias opostas e o que se opõe no poema ao branco do açúcar é “o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras”, contrastando os termos branco/escuro. Nas demais alternativas não há nada que contraste com o branco açúcar.

Perguntas interessantes