Emoções há muitas na vida, e de todos os tipos, mas raras se comparam em intensidade àquela que a gente tem quando se compra o primeiro caderno escolar. De cinquenta folhas ou de cem, pautado ou sem pauta, humilde ou sofisticado, não importa: o primeiro caderno é o símbolo de uma nova etapa. De uma nova vida. Pois as páginas em branco, modestas e radiantes em sua pureza, são exatamente isto: uma proposta de renovação, de um início de vida. Mesmo quando a sua vida ainda está no início (e muito mais quando se é adulto: quem de nós já não resolveu passar a vida a limpo, pensando exatamente nisto, num caderno novinho a ser escrito com todo o capricho e dedicação?). Não sei se ainda é assim, mas quando eu era guri a gente recebia, no colégio, uma lista do material a comprar, incluindo os cadernos. Esta simples lista já era, em sua discriminação, um excitante enigma. Cadernos de cem folhas, de duzentas: aquilo decerto era para matérias muito sérias, de longas digressões. Os cadernos mais finos acenavam com coisas leves. Os quadriculados se propunham a nos ensinar a disciplina da geometria, das contas aritméticas, o caderno de caligrafia lembrava que há limites para a dimensão das letras. Havia um caderno de música, decerto para entusiasmar um futuro Beethoven, e um caderno de desenho, este a desafiar a imaginação com suas folhas brancas de papel cartonado. E havia os humildes blocos, já resignados a serem riscados, borrados, engordurados e rasgados; a terem suas folhas transformadas em aviõezinhos (qual a criança que não faz aviãozinho de papel quando a professora dá as costas?). Os cadernos exigiam mais respeito; os mais aplicados chegavam a encapá-los com papéis de desenhos alegres. Mostrar os cadernos aos colegas fazia parte do excitante clima do começo do ano, que chegava a seu ápice quando se escrevia, na primeira página do primeiro caderno, a primeira lição para casa: um ato realizado num clima de quase mística unção, as letras sendo caprichosamente desenhadas, uma após a outra.
Por que a lista de material a ser comprado era para o cronista “um excitante enigma”?
A) Porque ele tinha medo de ter dificuldade com as novas matérias.
B) Porque ele não sabia se queria comprar cadernos grossos ou finos.
C) Porque ele ficava em dúvida se compraria um caderno simples ou sofisticado. D) Porque ele não sabia em quais disciplinas e para que eles seriam usados.
E) Porque ele estava ansioso para as aulas de música.
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Resposta:
porque não sabia se queria comprar cadernos grossos ou fino
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