Em um arranjo democrático, a facilidade da expansão do crédito bancário é um mecanismo extremamente tentador. Isso explica por que Guido Mantega vem suplicando de joelhos para os bancos brasileiros expandirem o crédito a juros baixos. Ele sabe que, no curto prazo, tal medida de fato é bastante eficaz politicamente. O problema vem depois, com a inflação de preços e os ciclos econômicos. Nenhuma economia é capaz de expandir o crédito bancário indefinidamente. Toda expansão sempre termina em recessão. Mas é sim possível postergar recessões com novas rodadas de expansão de crédito, as quais têm de ocorrer em doses cada vez maiores para manter a economia artificialmente aquecida. Adicionalmente, como no Brasil a economia é bastante fechada, qualquer expansão do crédito bancário rapidamente se transforma em inflação de preços, o que faz com que o Banco Central rapidamente volte a aumentar os juros — leia-se "diminuir as injeções de reservas bancárias". Ao passo que um ciclo expansionista dura de 4 a 5 anos nos EUA, aqui no Brasil ele mal chega a dois.
Como o multiplicador bancário interfere no crescimento econômico e na inflação, e como o governo, através do Banco Central pode
regular o mercado?
Em seu texto, aborde os seguintes aspectos:
a) O papel do multiplicador bancário.
b) Efeitos da criação de moeda sobre o crescimento.
c) A taxa de compulsório para controle da inflação.
Soluções para a tarefa
O multiplicador bancário ou multiplicador monetário é criado a partir da circulação de empréstimos entre clientes e bancos. Os bancos recebem depósitos e usar esses valores para conceder créditos aos clientes, causando um aumento da circulação de moeda no país.
Entretanto, quando a concessão de empréstimos fica muito numerosa e quantidade de moeda em circulação fica muito grande, ocorre um aumento da inflação, já que a oferta de moeda é muito alta, causando uma desvalorização da mesma. Nesses momentos o Banco Central pode intervir diminuindo a quantidade de moeda no mercado.
Para diminuir o multiplicador monetário o Banco Central pode aumentar a taxa de juros, diminuindo a procura das pessoas por créditos ou instituir uma taxa de compulsório, essa taxa determina a parcela dos depósitos que os bancos não podem emprestar, diminuindo a oferta de moeda e afetando o multiplicador bancário.
O multiplicador bancário (ou multiplicador de base monetária) é o meio pelo qual os bancos comerciais conseguem aumentar a oferta da moeda e tem seu papel na economia quando se trata de concessão de crédito e criação de moeda escritural. Este multiplicador surge através das operações de empréstimos concedidos pelos bancos aos clientes.
A criação de moeda escritural e o multiplicador bancário ocorrem da seguinte maneira: o Cliente A recebeu R$ 500,00 e depositou este mesmo valor em sua conta corrente no Banco Beta. O Banco Beta, por sua vez, irá reter uma quantia deste valor de acordo com a taxa de compulsório, supondo que a taxa seja de 20%, o banco reterá R$ 100,00 do valor depositado com a finalidade de disponibilizá-lo para eventuais saques do Cliente A. O restante do valor (R$ 400,00) será movimentado pelo Banco Beta com a finalidade de emprestá-lo para outro cliente. Neste caso, o Cliente B solicitou o empréstimo de R$ 400,00 e este foi concedido pelo banco.
O Cliente B usou este dinheiro para pagar uma conta no valor de R$ 150,00 e depositou o restante (R$ 250,00) no banco, assim dando início ao mesmo processo, onde, o banco reterá uma parte deste valor e concederá a outra parte como crédito para algum outro cliente até que o limite estabelecido seja atingido.
Podemos perceber que o banco empresta um recurso que fisicamente não existe visto que, neste caso, há apenas a existência de R$ 500,00 impressos, chamamos este "fenômeno" de moeda escritural (pois só existe nas escrituras bancárias, é um dinheiro que não é físico, mas é usado como meio de pagamento). O multiplicador bancário é nome do processo que descrevemos na situação entre Cliente A, Banco Beta e Cliente B, onde, na situação descrita havia R$ 500,00 no Banco Beta e no fim do processo havia R$ 750,00 com chance de aumentar caso o banco conceda o valor depositado pelo Cliente B como crédito a outro cliente.
Com os efeitos do multiplicador bancário há uma mudança no cenário econômico interferindo diretamente na inflação e consequentemente no poder de compra das pessoas. Se todos os clientes sacassem seus recursos da conta corrente o sistema bancário sofreria um colapso abrindo espaço para uma crise financeira. Como meio de controlar os impactos da inflação, o Banco Central age através de políticas monetárias controlando a taxa de juros, sendo assim, menor quantidade de moedas escriturais serão criadas quando houver aumento na taxa de compulsório, e maior quantidade quando a taxa sofrer diminuição. Isso ocorre porque quanto maior a taxa de compulsório, mais dinheiro o banco irá reter dificultando a concessão de novos empréstimos para os clientes.
Espero ter ajudado!
Bons estudos :)