Em sua célebre obra, Apologia da História: ou o ofício do historiador, Marc Bloch (2002, p. 67), historiador e fundador do movimento dos Annales, conclui que:
"Em certas de suas características fundamentais, nossa paisagem rural, já o sabemos, data de épocas extremamente remotas. Mas, para interpretar os raros documentos que nos permitem penetrar nessa brumosa gênese, para formular corretamente os problemas, para até mesmo fazer uma ideia deles, uma primeira condição teve que ser cumprida: observar, analisar a paisagem de hoje."
Analisando esse trecho, que traz consigo uma importante reflexão sobre a pesquisa histórica, assinale a alternativa correta.
A.
Fala da observação e divisão que há entre o passado e o futuro, de modo que se torna impossível aproximar o estudo da História, portanto, dos mortos aos vivos, uma vez que aquilo que passou ficou enterrado no passado.
B.
Fala do anacronismo, constante e comum em todas as obras e produções historiográficas, uma vez que se vive em tempos diferentes dos que se analisa.
C.
Do reconhecimento de que, de alguma forma, o presente molda as preferências. Sendo assim, influencia na formulação e até elaborações de questões que se encaminham na pesquisa.
D.
Fala da possibilidade e necessidade de o historiador se colocar em um degrau superior, a fim de observar os fatos, tais quais eles ocorreram. Obtém-se assim, de certa forma, uma visão privilegiada, em relação ao passado.
E.
Do esforço ininterrupto, ao qual deve se submeter um historiador, a fim de não permitir que o presente o atrapalhe. Só assim será possível reconstituir todos os fatos do passado.
Soluções para a tarefa
Resposta:
C. Do reconhecimento de que, de alguma forma, o presente molda as preferências. Sendo assim, influencia na formulação e até elaborações de questões que se encaminham na pesquisa.
Explicação:
Para o autor, é inevitável que o presente influencie nas atitudes, nas formas de enxergar o mundo e nos demais aspectos da vida. Isso porque o historiador vive e foi criado nesse tempo com essas referências e esses ensinamentos, portanto, é impossível fugir totalmente disso. No entanto, não há uma divisão entre o passado e o futuro, ainda que não se possa dominar totalmente essas instâncias, pois o único acesso que se tem a elas são os vestígios deixados ao longo do caminho pelo homem, ou seja, as fontes. Ainda assim, constituem-se como elementos importantes para a reconstrução, à moda do presente, do que foi e/ou poderia ter sido o passado. Com efeito, os temas que mais apetecem, normalmente contemporâneos, são os que problematizam e questionam o passado. Sendo assim, o diálogo com os mortos continua sendo possível, ainda que seja intermediado por documentos, livros, jornais, revistas, etc. O anacronismo, por sua vez, deve e será sempre evitado, já que se desenvolve a noção de tempo histórico e submete-se as fontes a certas teorias e metodologias de análise. Portanto, não se está em uma posição privilegiada em relação ao passado, ou melhor, superior. O que se consegue é observar nuances que talvez os protagonistas das histórias que analisam não tivessem se dado conta no momento. Mas, ainda assim, não deixa de ser uma elaboração do historiador que, por suas fontes, limitadas e decorrentes de um processo de seleção subjetiva, colocadas para dialogar, constituem uma narrativa.
Resposta:
C.
Do reconhecimento de que, de alguma forma, o presente molda as preferências. Sendo assim, influencia na formulação e até elaborações de questões que se encaminham na pesquisa.
Explicação:
Para o autor, é inevitável que o presente influencie nas atitudes, nas formas de enxergar o mundo e nos demais aspectos da vida. Isso porque o historiador vive e foi criado nesse tempo com essas referências e esses ensinamentos, portanto, é impossível fugir totalmente disso. No entanto, não há uma divisão entre o passado e o futuro, ainda que não se possa dominar totalmente essas instâncias, pois o único acesso que se tem a elas são os vestígios deixados ao longo do caminho pelo homem, ou seja, as fontes. Ainda assim, constituem-se como elementos importantes para a reconstrução, à moda do presente, do que foi e/ou poderia ter sido o passado. Com efeito, os temas que mais apetecem, normalmente contemporâneos, são os que problematizam e questionam o passado. Sendo assim, o diálogo com os mortos continua sendo possível, ainda que seja intermediado por documentos, livros, jornais, revistas, etc. O anacronismo, por sua vez, deve e será sempre evitado, já que se desenvolve a noção de tempo histórico e submete-se as fontes a certas teorias e metodologias de análise. Portanto, não se está em uma posição privilegiada em relação ao passado, ou melhor, superior. O que se consegue é observar nuances que talvez os protagonistas das histórias que analisam não tivessem se dado conta no momento. Mas, ainda assim, não deixa de ser uma elaboração do historiador que, por suas fontes, limitadas e decorrentes de um processo de seleção subjetiva, colocadas para dialogar, constituem uma narrativa.