Em que processo de independência americana portuguesa se relaciona com o processo de independência da América Espanhola
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Após longa inatividade, o tema da independência ressurgiu com força nos últimos anos. Tal ressurgimento se reflete em coletâneas publicadas recentemente: Inde-pendência: história e historiografia (São Paulo: Hucitec, 2005), organizada por István Jancsó, e A independência brasileira: novas dimensões (Rio de Janeiro: FGV, 2006), organizada por Jurandir Malerba. Conceitos como espaço público, identidades políticas, federalismo e Estado unitário, têm sido incorporados aos novos estudos, bem como novos temas tem sido contemplados. Dentre esses, destacam-se a presença das camadas populares nas lutas e debates políticos, o papel das cortes e do Liberalismo, as sociabilidades políticas, a questão da cidadania, a questão da escravidão e do tráfico de escravos e, finalmente, as possibilidades de comparação das independências nas Américas espanhola e portuguesa.
Sobre este último aspecto foi promovido em Curitiba, nos últimos dias 19 e 20 de agosto, um colóquio que reuniu pesquisadores brasileiros e espanhóis. Neste foram tratados temas atinentes às experiências de Cuba, Brasil, Colômbia e Venezuela referentes à escravidão, à formação de tropas, às suas constituições políticas e às relações de gênero. Ambas as metrópoles ibéricas foram vítimas da expansão napoleônica, cujas ações afetaram diretamente suas monarquias, e suas colônias constituíram-se em receptáculos de idéias ilustradas e formas institucionais liberais que então circulavam pelo mundo atlântico. No entanto, entre 1807 e 1808, enquanto o rei da Espanha, Fernando VII, foi impedido de governar, o príncipe regente de Portugal, dom João, foi obrigado a exilar-se no Brasil. A falta de autoridade central no império espanhol deu lugar a revoluções generalizadas por todas as colônias da América. Já a transferência da corte portuguesa para o Brasil implicou na conservação da monarquia e na reiteração dos laços com Portugal, mas sobre novas bases. As sedes do Erário Régio, do Desembargo do Paço e de quase todas as secretarias de governo agora se baseavam no Rio de Janeiro. Desde 1808 os portos da América estavam abertos a quase todas as bandeiras do mundo. Em 1815 o Brasil fora elevado à condição de Reino Unido a Portugal e Algarves, e, em 1818, dom João tornou-se rei desse novo corpo político no Rio de Janeiro. Em decorrência de sua opção pela América, ele se viu ameaçado por uma revolução liberal, a do Porto (1820), cujo desfecho determinou seu retorno a Portugal. Por outro lado, seu filho, dom Pedro, ficou no Brasil. Esse fato possibilitou a criação, pelas elites fluminenses, paulistas e mineiras, de um projeto de independência. “Baienses”, pernambucanos e paraenses opuseram-se a este projeto, o que gerou guerras sangrentas até 1826, tal como na América espanhola.
Como se vê, são muitas as lições advindas das comparações entre metrópoles e colônias ibéricas. Se neste ano discutimos os 200 anos da vinda da corte para o Novo Mundo, muitos serão os eventos dedicados aos 200 anos da revolução de maio de 1810, a qual deu ensejo a independência da América espanhola. Mais uma vez, graças aos nossos esforços no presente, teremos grandes oportunidades de fazer avançar nossa compreensão do passado.
Sobre este último aspecto foi promovido em Curitiba, nos últimos dias 19 e 20 de agosto, um colóquio que reuniu pesquisadores brasileiros e espanhóis. Neste foram tratados temas atinentes às experiências de Cuba, Brasil, Colômbia e Venezuela referentes à escravidão, à formação de tropas, às suas constituições políticas e às relações de gênero. Ambas as metrópoles ibéricas foram vítimas da expansão napoleônica, cujas ações afetaram diretamente suas monarquias, e suas colônias constituíram-se em receptáculos de idéias ilustradas e formas institucionais liberais que então circulavam pelo mundo atlântico. No entanto, entre 1807 e 1808, enquanto o rei da Espanha, Fernando VII, foi impedido de governar, o príncipe regente de Portugal, dom João, foi obrigado a exilar-se no Brasil. A falta de autoridade central no império espanhol deu lugar a revoluções generalizadas por todas as colônias da América. Já a transferência da corte portuguesa para o Brasil implicou na conservação da monarquia e na reiteração dos laços com Portugal, mas sobre novas bases. As sedes do Erário Régio, do Desembargo do Paço e de quase todas as secretarias de governo agora se baseavam no Rio de Janeiro. Desde 1808 os portos da América estavam abertos a quase todas as bandeiras do mundo. Em 1815 o Brasil fora elevado à condição de Reino Unido a Portugal e Algarves, e, em 1818, dom João tornou-se rei desse novo corpo político no Rio de Janeiro. Em decorrência de sua opção pela América, ele se viu ameaçado por uma revolução liberal, a do Porto (1820), cujo desfecho determinou seu retorno a Portugal. Por outro lado, seu filho, dom Pedro, ficou no Brasil. Esse fato possibilitou a criação, pelas elites fluminenses, paulistas e mineiras, de um projeto de independência. “Baienses”, pernambucanos e paraenses opuseram-se a este projeto, o que gerou guerras sangrentas até 1826, tal como na América espanhola.
Como se vê, são muitas as lições advindas das comparações entre metrópoles e colônias ibéricas. Se neste ano discutimos os 200 anos da vinda da corte para o Novo Mundo, muitos serão os eventos dedicados aos 200 anos da revolução de maio de 1810, a qual deu ensejo a independência da América espanhola. Mais uma vez, graças aos nossos esforços no presente, teremos grandes oportunidades de fazer avançar nossa compreensão do passado.
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