História, perguntado por arroznaonerd, 7 meses atrás

“Em que ponto ficamos? Houve de fato um Renascimento? Se descrevermos o Renascimento como um milagre cultural isolado, ou como o súbito emergir da modernidade, a minha resposta será ‘não’. Os arquitetos do Renascimento produziram obras-primas, mas também os mestres maçons do período gótico o fizeram. A Itália do século XVI teve seu Rafael, mas o Japão do século XVIII teve o seu Hokusai. Maquiavel foi um poderoso e original pensador, mas também o foi o historiador Ibn Khaldun, que viveu no norte da África durante o século XIV. Se, no entanto, o termo ‘Renascimento’ for usado – sem prejuízo para os feitos da Idade Média, ou para os do mundo não europeu – para referir um importante conjunto de mudanças na cultura ocidental, então pode ser visto como um conceito organizador que ainda tem seu uso.”

BURKE, Peter. O Renascimento italiano: cultura e sociedade na Itália. São Paulo:
Nova Alexandria, 1999, p. 14 – 16.

No trecho acima, o historiador Peter Burke apresenta uma crítica ao conceito renascimento, considerando que esse conceito não poder ser apenas utilizado para organizar as transformações do mundo europeu. Burke afirma que, se o conceito renascimento for utilizado apenas para explicar um “milagre cultural isolado” restrito ao mundo europeu, será um conceito incompleto e equivocado. Agora, se expandirmos o alcance desse conceito para outras localidades como África e Ásia, esse conceito ainda pode funcionar como organizador da historiografia sobre o período.
Alinhados à afirmação de Burke, que o desafio de vocês será o de fazer uma breve pesquisa e sistematização de outros dois exemplos de “renascimentos” culturais, fora do mundo europeu: os prolegômenos de Ibn Khaldun e o mecenato no Mali.

O objetivo de vocês nessa atividade será o de escolher uma dessas duas possiblidades históricas – selecionadas pelo material didático –, pesquisar a respeito e sistematizar a sua pesquisa em um pequeno texto, buscando apresentar em linhas gerais seu objeto de pesquisa. Para além dessa sistematização, vocês também deverão responder à pergunta: “por que é possível falar de renascimento cultural, ao falar sobre ______?” – aqui vocês inserem o objeto de pesquisa que escolheram.

Atentem-se para as referências bibliográficas. Não citar devidamente as referências bibliográficas incorrerá em um desconto de 2,0 na nota da prova.

se pelo menos alguem conseguir explicar ou me ajudar, ja fico grata:)

Soluções para a tarefa

Respondido por vitoriasousadamian
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Resposta:

Renascimento, Renascença ou Renascentismo são os termos usados para identificar o período da história da Europa aproximadamente entre meados do século XIV e o fim do século XVI. Os estudiosos, contudo, não chegaram a um consenso sobre essa cronologia, havendo variações consideráveis nas datas conforme o autor. Apesar das transformações serem bem evidentes na cultura, sociedade, economia, política e religião, caracterizando a transição do feudalismo para o capitalismo e significando uma evolução em relação às estruturas medievais, o termo é mais comumente empregado para descrever seus efeitos nas artes, na filosofia e nas ciências.

Chamou-se Renascimento em virtude da intensa revalorização das referências da Antiguidade Clássica, que nortearam um progressivo abrandamento da influência do dogmatismo religioso e do misticismo sobre a cultura e a sociedade, com uma concomitante e crescente valorização da racionalidade, da ciência e da natureza. Neste processo o ser humano foi revestido de uma nova dignidade e colocado no centro da Criação, e por isso deu-se à principal corrente de pensamento deste período o nome de humanismo.

O movimento manifestou-se primeiro na região italiana da Toscana, tendo como principais centros as cidades de Florença e Siena, de onde se difundiu para o resto da península Itálica e depois para praticamente todos os países da Europa Ocidental, impulsionado pelo desenvolvimento da imprensa e pela circulação de artistas e obras. A Itália permaneceu sempre como o local onde o movimento apresentou sua expressão mais típica, porém manifestações renascentistas de grande importância também ocorreram na Inglaterra, França, Alemanha, Países Baixos e Península Ibérica. A difusão internacional dos referenciais italianos produziu em geral uma arte muito diferente dos seus modelos, influenciada por tradições regionais, que para muitos é melhor definida como um novo estilo, o Maneirismo. O termo Renascimento foi registrado pela primeira vez por Giorgio Vasari no século XVI, um historiador que se empenhou em colocar Florença como a protagonista de todas as inovações mais importantes, e seus escritos exerceram uma influência decisiva sobre a crítica posterior.

Por muito tempo o período foi visto nos Estados Unidos e Europa como um movimento homogêneo, coerente e sempre progressivo, como o período mais interessante e fecundo desde a Antiguidade, e uma de suas fases, a Alta Renascença, foi consagrada como a apoteose da longa busca anterior pela expressão mais sublime e pela mais perfeita imitação dos clássicos, e seu legado artístico foi considerado um insuperável paradigma de qualidade. Porém, estudos realizados nas últimas décadas têm revisado essas opiniões tradicionais, considerando-as pouco substanciais ou estereotipadas, e têm visto o período como muito mais complexo, diversificado, contraditório e imprevisível do que se supôs ao longo de gerações. O novo consenso que se firmou, porém, reconhece o Renascimento como um marco importante na história da Europa, como uma fase de mudanças rápidas e relevantes em muitos domínios, como uma constelação de signos e símbolos culturais que definiu muito do que a Europa foi até a Revolução Francesa, e que permanece exercendo larga influência ainda nos dias de hoje, em muitas partes do mundo, tanto nos círculos acadêmicos como na cultura popular.

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