Português, perguntado por Usuário anônimo, 8 meses atrás

Em que momento se instala a complicação no conto "Os olhos que
comiam carne"?​

Soluções para a tarefa

Respondido por lc4879508
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Resposta:

“Os olhos que comiam carne” pode realmente aparentar ser um típico conto de terror,

capaz de instigar o medo – o seu próprio título já sugere uma narrativa sobrenatural, e o leitor não

terá dificuldades em perceber inúmeros clichês do gênero. Contudo, uma leitura mais atenta nos

mostra que a narrativa de Humberto de Campos envolve também estratégias comuns a outros

gêneros.

O início da narrativa se dá quando o protagonista, um dia, acorda cego: uma tragédia sem

precedentes. Conforme ele depois descobre, porém, existe um famoso oftalmologista, consagrado

justamente por ser capaz de curar a cegueira. Neste momento, então, pode-se notar uma

hesitação: seria isso uma extrema habilidade médica ou um estranho poder sobrenatural?

Depois da fatal cirurgia, que é descrita com muita tensão e drama – diga-se de passagem,

como todo o resto da narrativa –, seguem-se os meses de convalescença. Tudo se passa muito

rápido, o tempo é contraído em acontecimentos sumarizados e em um instante chega-se ao

clímax: a hora de tirar as ataduras dos olhos. Todos os médicos e enfermeiras estão ao redor do

protagonista, esperando pelo momento decisivo. Quando a última faixa é tirada, então, ele

desesperadamente percebe que só consegue ver os esqueletos das pessoas, fazendo valer o título

do conto. O aparente horror, então, se dá por esse estranho “efeito colateral” de um

procedimento da ciência.

Além do horror, porém, alguns efeitos vizinhos podem ser experimentados: o do

vislumbrar do estranho e o da hesitação do fantástico. Como classificou Tzvetan Todorov, o

estranho seria a negação do evento sobrenatural. Neste caso, a narrativa (ou o personagem)

explicaria tal acontecimento de forma lógica e racional, como acontece na história (a cirurgia,

afinal, é explicada por leis científicas). Ainda seguindo sua teoria, Todorov explica que o fantástico

seria, por outro lado, aquele momento de hesitação, quando não se sabe dizer qual a natureza do

fato contemplado: o momento em que o personagem escuta falar, pela primeira vez, em uma cura

para a cegueira. Ambas as situações chegam perto do terreno do terror, sem entrar nele

definitivamente, porém.

O ritmo acelerado acontecimentos dá a impressão de que Humberto de Campos teria

escrito o conto às pressas. A presença de um acontecimento drástico logo no início da história, as

lamúrias sem fim do personagem e o final intensamente dramático – para não dizer trágico –

Respondido por analuizar361p9gukf
7

Resposta:

Quando Paulo descobre que está cego

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