Em que momento o filme Matrix tem relação com o mito da caverna de Platão?
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Resposta:
A professora Marilena Chauí 1, do departamento de Filosofia da USP, escreveu um excelente texto didático explorando as relações do filme Matrix com o diálogo de Platão. Este texto está publicado no início do livro Convite à filosofia.
Neo Anderson, o protagonista do filme, é a figura do escravo que consegue se libertar da caverna. Esse escravo liberto da caverna representa o filósofo. O filósofo é quem consegue se livrar da prisão que mantém os homens escravos da percepção, dos sentidos, e que por eles são enganados.
Libertar-se da caverna significa, em uma linguagem platônica, acessar o famoso mundo das ideias, que seria um lugar onde os homens estariam livres dos enganos, mantendo-se em contato, por meio do pensamento, com as essências puras das coisas do mundo.
Para Platão, o conhecimento verdadeiro advém das ideias puras e do intelecto. Todo conhecimento advindo das sensações do corpo é enganoso. Neo, assim como o escravo liberto, descobre haver uma realidade totalmente diferente daquela em que acreditamos. No filme, o responsável pelo nosso engano é o software Matrix.
A Matrix foi projetada para manter os humanos na “doce ilusão” de viver nesse mundo cheio de conforto e prazeres, quando na verdade o mundo foi completamente destruído. Nessa narrativa, os homens na verdade vivem como fetos estáticos imersos no útero (matrix em latim significa “útero”) enquanto possuem uma atividade cerebral intensa que propicia a vida que eles acreditam ter.
Sócrates é considerado o “patrono da Filosofia” – isso porque, segundo Chauí1, ele jamais se contentou com opiniões estabelecidas, os preconceitos de sua sociedade ou as crenças inquestionadas de seus conterrâneos. Ele foi um inovador, querendo romper com as crenças costumeiras e procurar a verdade por trás das coisas.
Sócrates descobriu que há uma “matrix” ou uma “caverna” que a todos nós aprisiona e engana. Ele defendeu que a saída dessa caverna é buscar o conhecimento, deixando de lado as crenças vulgares, os preceitos sociais, os preconceitos, dogmas, a cultura imposta ou qualquer outro elemento que possa impedir o homem de acessar o puro conhecimento. Conquistando esse saber, o homem consegue sair da escravidão, da servidão que o aprisiona.
Fonte: brasilescola UOL