Em que baseamos nossas opiniões de valores?
Soluções para a tarefa
Em sociedades pluralistas, a tolerância, mais do que uma expressão na moda, é uma forma de coexistência humana que está no centro de muitos debates filosóficos e políticos. As atitudes quanto à tolerância política estão relacionadas com o funcionamento do sistema não somente social, mas também político.
No centro da definição de tolerância política está a aprovação de direitos civis iguais para todos os membros de uma comunidade política, inclusive aqueles que expressam idéias não-convencionais ou cujo comportamento não se conforma às normas sociais. A aceitação da diversidade (por meio da liberdade de opinião, por exemplo) é uma garantia essencial para a formação da opinião democrática e para a existência de alternativas políticas e oposição (DAHL, 1971). Ao mesmo tempo, uma dificuldade particular na investigação desse tema é o assim chamado paradoxo da tolerância: há limites para o que deve ser tolerado, a intolerância em relação ao intolerante pode ser necessária. A tolerância política não pode ser considerada um objetivo absoluto a alcançar. As atitudes tolerantes, por sua vez, são multidimensionais e dependentes do grupo e das atividades que devem ser toleradas. Este artigo examinará a tolerância política na Alemanha e suas fontes ou determinantes, com base no conhecimento das pesquisas norte-americanas sobre tolerância, uma vez que há poucas pesquisas sobre o tema na Europa.
Uma extensa literatura identifica a influência da educação sobre a tolerância política, e os argumentos a favor e contra suas conseqüências positivas sobre a disposição para tolerar têm sido debatidos com freqüência. Este artigo dá continuidade a esse aspecto: supõe-se que os graus de instrução e de conhecimento de uma pessoa determinam suas atitudes de tolerância política porque causam um impacto sobre a relevância dos valores e das disposições ideológicas. Eles funcionam como princípios abstratos para decisões individuais em situações de tolerância. Os valores são concepções do desejável e podem servir de referência para o indivíduo, mas a importância e a hierarquia entre diferentes valores podem diferir segundo as circunstâncias. Esta é provavelmente uma das razões para a natureza contextual e a diversidade das atitudes tolerantes.
Para destacar os mecanismos existentes entre princípios abstratos, educação e formação de atitudes, e traçar diferentes hipóteses, este artigo se concentra em duas abordagens alternativas sobre o modo como os cidadãos compreendem o mundo político. De um lado estão as bem conhecidas propostas de Converse (1964) sobre sistemas de crenças de massa. Do outro, pesquisas recentes em psicologia política voltam a enfatizar as diferenças nas tomadas de decisões individuais. Sniderman, Brody e Tetlock (1994a e 1994b) destacam a importância da sofisticação política como uma variável determinante do impacto das heurísticas (tais como valores e disposições ideológicas) sobre as atitude