História, perguntado por Matilde13Almeida, 2 meses atrás

Em quantas fases foi construída a rede ferroviária em Portugal?

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Respondido por lucas4l
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Resposta:

A história dos caminhos de ferro em Portugal reveste-se de uma elevada importância para o conhecimento da evolução histórica deste país a partir de meados do século XIX. O desenvolvimento operado no país nos séculos XIX e XX fica a dever-se, no âmbito das vias de comunicação, maioritariamente ao meio ferroviário.

As primeiras tentativas para a implementação deste meio de transporte iniciaram-se da década de 1840,[2] embora as obras da primeira ligação ferroviária só se tenham iniciado em 1853.[3] O primeiro troço, entre Lisboa e o Carregado, entrou ao serviço em 1856, tendo a linha sido concluída com a chegada à fronteira espanhola, em 1863.[3] Por seu turno, a Linha do Norte foi concluída com a chegada a Porto Campanhã em 1877.[3] As Linhas da Beira Alta e do Minho foram inauguradas em 1882, em 1887 a Linha do Douro, em 1890 o Ramal de Viseu, em 1891 a Linha do Oeste e em 1893 a Linha da Beira Baixa. A Sul, as cidades de Setúbal, Évora e Beja foram ligadas ao Barreiro, correspondentemente, em 1861, 1863, e 1864,[4] tendo o caminho de ferro chegado a Faro em 1889[5] e a Vila Real de Santo António em 1906.[6] Em 1904 foi inaugurada a Linha de Vendas Novas,[6] que foi a primeira ligação entre a rede a Norte e Sul do Tejo. Nas primeiras décadas do século XX foram mais marcadas pela construção várias linhas complementares. Em 1906, Vila Real e Bragança ficaram ligadas à rede ferroviária através das Linhas do Corgo e do Tua, correspondentemente, e em 1920 foi concluída a Linha do Sado (atualmente integrada na Linha do Sul).

Os primeiros sinais de declínio surgiram com os efeitos económicos da Primeira Guerra Mundial, processo que se acentuou após a Segunda Guerra Mundial, quando o caminho de ferro foi progressivamente substituído pelos transportes rodoviário e aéreo.[7] Como resultado desta decadência, as empresas ferroviárias começaram a sofrer de dificuldades económicas, levando à concentração de quase toda a rede numa só empresa, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses (CP), em 1947. Também durante este período começou-se a apostar na modernização, tanto do material circulante como das infraestruturas, como forma de combater este processo. Assim, nas décadas de 1950 e 1960 a CP comprou novo material circulante e foi electrificada a Linha do Norte e a Linha de Sintra, embora grande parte da rede tenha continuado obsoleta. No âmbito da Revolução de 25 de Abril de 1974, a CP foi nacionalizada em 1975. Em 1986 Portugal aderiu à Comunidade Económica Europeia, o que permitiu um aumento do investimento nos caminhos de ferro, embora os investimentos tenham continuado a privilegiar os principais eixos, relegando as linhas secundárias para a degradação e o encerramento. Entre 1986 e 1995 foram encerrados mais de 700 km de linhas (sobretudo em Trás-os-Montes e no Alentejo).[8] Estes encerramentos fizeram com que Viseu e Bragança, capitais de distrito, ficassem sem transporte ferroviário. Nas décadas de 1990 e 2000 foram modernizadas várias linhas suburbanas de Lisboa e Porto, a Linha da Beira Alta e parte da Linha do Norte. Além disso, em 2003 foi concluído o Eixo Norte-Sul, ou seja, a ligação ferroviária entre Lisboa e a Linha do Sul, atravessando o rio Tejo na Ponte 25 de Abril. Em 2004 foi concluída a modernização e eletrificação da linha Porto–Braga, da Linha de Guimarães, da Linha do Douro entre Porto e Caíde e da Linha do Sul. Não obstante os vultosos investimentos verificados e alterações nos modelos de gestão, no sentido de adequar e modernizar as operações, especialmente no transporte de passageiros,[9] a primeira década do século XXI foi marcada em Portugal por uma continuidade da decadência deste meio de transporte, acentuada pelos problemas financeiros e restrições orçamentais decorrentes da recessão económica mundial e pela crise da dívida pública da Zona Euro. Entre 2009 e 2010 várias linhas complementares foram encerradas, oficialmente para se proceder a obras de modernização. No entanto, os efeitos da crise financeira que Portugal estava a viver levaram à suspensão e cancelamento de quase todas essas obras e ao encerramento em 2011 e 2012 de mais linhas. No total, entre 2008 e 2012 foram encerrados mais de 300 km de linhas, quer a todo o tráfego, quer somente a tráfego de passageiros.[10] Caso sui generis e controverso foi o da Linha do Tua, que foi parcialmente encerrada em 2008 para se construir uma barragem hidroelétrica.

Nos inícios da década de 1990, foram apresentados os primeiros projetos para construir uma rede de linhas de alta velocidade em Portugal.[11][12] Inicialmente, o governo defendia uma rede em forma de T deitado[nota 1] mas em 2003[14] foi aprovado o chamado do projeto do Pi deitado.[nota 2] No entanto, o projeto da alta velocidade foi suspenso por tempo indeterminado em 2011.

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