Em matéria denominada A viagem dos refugiados rumo ao nada, de autoria de Fernando Del Berro, publicada no site do Jornal El Pais (disponível em . Acesso em 02.Abr. 2017), há várias referências sobre a enorme diferença entre as ações anunciadas pelos países da União Europeia e a efetivação das medidas para resolver ou amenizar a enorme crise humanitária decorrente da grande quantidade de pessoas que estão se deslocando em direção ao território europeu nos últimos anos. Dessa matéria são destacados os seguintes trechos: A Europa é sinônimo de esperança e salvação no brilho dos olhos [...] da maioria de refugiados assim que pisam em terra firme, após cruzarem num bote de plástico os 10 quilômetros de mar que separam a costa turca das praias de Lesbos. Mas, terra adentro, a realidade lhes golpeia, e não demora até que eles substituam a ilusão pelo assombro ao descobrirem que quase não há recursos para acolhê-los. Esse abandono pode ser confirmado pelos mais de 62.000 refugiados que permanecem retidos em território grego, amontoados em centros de acolhida ou à fria intempérie sob uma tenda de lona. E é confirmado também pelas cifras oficiais, que indicam sobretudo um problema de falta de vontade política para encontrar soluções humanitárias para a crise. Em setembro de 2015 os países membros da UE se comprometeram a redistribuir em dois anos 160.000 refugiados com direito a asilo que já se encontravam em território europeu, podendo assim dividir o esforço. Um ano depois, foram realocados apenas 8.741. A Espanha, por exemplo, acolheu só 898 dos 17.300 que prometeu. Por outro lado, há duas ações em que a UE teve uma clara iniciativa: terceirizou o problema para países com uma duvidosa reputação na questão dos direitos humanos, e construiu muros. Se os Governos europeus facilitassem travessias seguras e procedimentos que permitissem solicitar asilo a partir dos países limítrofes com as zonas de conflito, como determinam os tratados internacionais, os refugiados não precisariam cair nas mãos de máfias de traficantes nem arriscar suas vidas para cruzar o Mediterrâneo. Segundo cifras do Acnur, órgão da ONU para refugiados, mais de 3.700 migrantes morreram afogados nestas águas em 2015 tentando chegar à Europa. Em 2016 foram mais de 5.000. Algumas rotas, como a do Mediterrâneo ocidental, fecharam-se depois do acordo com a Turquia ou por causa das cercas que foram erguidas. Mas isto não soluciona o conflito, só o transfere para outros lugares. E aumenta as dificuldades, as distâncias e o risco para homens, mulheres e crianças cujo único crime é buscar uma vida melhor ou simplesmente sobreviver. [...] A guerra tirou de 11 milhões de sírios dos seus lares, obrigando quase cinco milhões deles a saírem do país. A visão do conflito oferecida pela mídia parece se ater à luta entre dois bandos principais: o regime e os rebeldes. Mas Ahmad, um estudante de arquitetura sírio de 20 anos, afirma, após desembarcar na Europa, que há cinco bandos lutando entre si" no seu país. Não me sinto próximo de nenhum, acrescenta. E isso é quase mais perigoso. Porque então você se torna suspeito para todos os lados. Após a fracassada tentativa de coordenar uma resposta única à crise de refugiados, a UE parece inclinada a externar o problema. Assim, em março de 2016 assinou um tratado com a Turquia para que este país contivesse o fluxo de refugiados em seu litoral por 3 bilhões de euros (10 bilhões de reais). Em junho de 2016 a UE também destinou fundos ao treinamento da guarda costeira líbia para que ela mesma evitasse a saída de barcos da costa. [...] Apesar do direito internacional obrigar a acolher os refugiados de guerra, não parece que os dirigentes europeus estão dispostos a fazê-lo. De acordo com dados da agência Reuters, foram construídas na Europa 1.200 quilômetros de cercas anti-imigrantes desde a queda do muro de Berlim. A maior parte, levantada a partir de 2015. O exemplo vem de outros países. A Turquia sozinha recebeu 2,5 milhões de refugiados sírios desde o começo do conflito armado. O Líbano recebeu 1,5 milhão. A Europa, por sua vez, acolheu um milhão de imigrantes em 2015. O que representa somente 0,2% da população europeia. A essa altura, qualquer um pode se perguntar se os valores de solidariedade sobre os quais a UE foi construída chegaram ao seu fim. Se viraram algo inútil. No momento em que a Europa vive talvez o maior desafio desde sua criação, qualquer um pode afirmar que algo definitivamente se quebrou nela. Que sua viagem, como o trajeto dos milhares de pessoas que fogem da guerra, também foi uma viagem rumo ao nada. Considerando essas informações e, sobretudo, o conteúdo dessa matéria jornalística, é incorreto se afirmar que:
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a.Como forma de tentar amenizar essa crise humanitária em seu território os países europeus, dentre outras medidas, passaram a terceirar o problema com outros países que possuem uma duvidosa reputação na questão dos direitos humanos, bem como construir muros para evitar os deslocamentos dessas pessoas em seu território.b.Embora haja uma série de medidas adotadas pelos países da União Europeia para tratar da grave questão humanitária representada pelo enorme deslocamento de pessoas em direção ao seu território, o que se observa, em termos práticos, é que inexiste vontade política para encontrar soluções humanitárias para essa crise.c.Na visão das autoridades europeias as diversas medidas adotadas por eles se justificam em razão da quantidade de pessoas que buscam seu território. Se considerarmos somente os sírios, a quantidade desses refugiados recebidos pela Europa é muito superior aos que estão atualmente em países mais próximos da região da guerra, tais como a Turquia e o Líbano.d.Nos últimos anos os países membros da União Europeia se comprometeram em redistribuir entre eles milhares de refugiados com direito ao asilo e que já se encontravam em território europeu, contudo, vários países não cumpriram esse compromisso, visto que somente uma pequena quantidade dessas pessoas foi realocada.e.Dentre as medidas adotadas pelos países europeus para diminuir a chegada de pessoas ao seu território está o estabelecimento de tratado com a Turquia para que ela faça a retenção de refugiados e o treinamento da guarda costeira líbia para que ela possa evitar a saída de barcos com destino às costas europeias.
marulucinete:
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