Em 2014, sete municípios responderam
por 25% do PIB do país
Dados da pesquisa Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios 2014 realçam a concentração de renda e também populacional existente no país. Divulgado hoje [14 dez. 2016] pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o levantamento revela que apenas sete municípios responderam por 25% dos bens e riquezas produzidos no Brasil naquele ano e concentravam 14,3% da população. Todos eram capitais.
Em 2014, os sete municípios, de um total de 5 570, movimentaram 25% dos R$ 4,97 trilhões correspondentes ao valor adicional bruto (VABs), que significou um crescimento nominal de 9,2% em relação ao valor adicional de 2013 – ou seja, da produção dos setores da indústria, serviços e agropecuária.
Quando agregada à renda dos 62 maiores municípios do ponto de vista de participação no PIB, os valores chegaram a corresponder naquele ano a quase metade do PIB nacional e a concentração populacional chegava a 32,8% do total do país.
Concentração de renda
No lado oposto, tomando como base o ano de 2014, os dados divulgados pelo IBGE permitem a constatação de que, entre os 1 379 municípios que integravam a última faixa de participação relativa, eles responderam por aproximadamente 1% do PIB e concentravam apenas 3,3% da população brasileira.
Nesta faixa, 73,2% dos municípios estavam localizados no Piauí, 59,6% na Paraíba, 51,8% no Tocantins e 50,9% dos municípios do Rio Grande do Norte. O que, na avaliação do IBGE, mostra “não só a concentração da geração interna da renda como também a difusão espacial na produção desta renda”.
De uma maneira geral, segundo o IBGE, não houve alterações significativas entre os maiores municípios do ponto de vista da concentração de renda entre 2010 e 2014.
O VAB (Valor Adicional Bruto) é o valor da produção sem duplicações, ou seja, descontando-se do Valor Bruto da Produção (VBP) o valor dos insumos utilizados no processo produtivo. Ele é sempre calculado a preços básicos, excluindo qualquer imposto e qualquer custo de transporte faturado separadamente, e inclui qualquer subsídio sobre o produto. [...]
Estados
Os dados do IBGE indicam que, por estado, em 2014, São Paulo foi o que mais contribuiu para a formação do Valor Adicional Bruto do país, com 31,2% do total; seguido pelo Rio de Janeiro (11,7%); Minas Gerais (9,1%); Rio Grande do Sul (6,2%); Paraná (6,1%); Santa Catarina (4,1%); Bahia (3,9%); e o Distrito Federal (3,4%).
Essas oito unidades da Federação geravam mais de 75% do Valor Adicional Bruto do país e estiveram nas primeiras colocações. São Paulo ganhou participação em relação ao ano de 2013 (0,1 ponto percentual), mas, em contrapartida, foi o que mais perdeu participação quando a comparação se dá com 2010: menos 1,2 ponto percentual.
Minas Gerais e Paraná foram os que mais perderam participação em relação a 2013, ambos com menos 0,3 ponto percentual. Já na comparação com 2010, destaca-se Mato Grosso, o estado que mais ganhou participação, 0,3 ponto percentual.
De acordo com a pesquisa, na distribuição dos valores adicionais brutos da agropecuária pelos estados, observa-se que Rio Grande do Sul (11,6%), Paraná (11,4%), São Paulo (10,9%) e Minas Gerais (10,2%) foram os que mais contribuíram. [...]
Indústrias
Outra constatação importante da publicação do IBGE é a de que a indústria ainda é bastante concentrada no Brasil, especialmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Segundo o instituto, 15 municípios concentravam cerca de 25% do Valor Adicional Bruto do setor e 17,5% da população brasileira.
A concentração chega a tal ponto que 3 012 municípios respondiam em 2014 por 1% do Valor Agregado do Setor, com o município de São Paulo permanecendo como o maior polo industrial do país e chegando a responder por 5,6% do Valor Agregado da Atividade. Ainda assim, o município vem perdendo participação desde 2010, quando o percentual era de 6,4%.
A capital paulista também concentrava o maior Valor Agregado dos serviços em 2014 (excluindo-se a administração pú- blica). A concentração chegava a 15,1%, vindo, a seguir, Rio de Janeiro (5,8%) e Brasília (3,1%).
Em 2010, as participações eram de 16,5%, 6,2% e 3,4%, respectivamente, o que mostra que houve um movimento de desconcentração dessa atividade entre os municípios. Outra constatação é a de que, em 2014, 35 municípios (0,6% do total), entre eles 18 capitais, concentravam a metade do Valor Agregado dos Serviços no Brasil, ao passo que 2 110 municípios (37,9%) respondiam por 1% do setor.
Após a leitura do módulo e do texto acima, faça uma análise das seguintes proposições: quais são os efeitos para o país da centralização de poder econômico na região Concentrada? De que maneira o Estado poderia reduzir a primazia econômica das regiões Sul e Sudeste? Quais fatores históricos participaram da situação relatada na reportagem?
Soluções para a tarefa
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Concentração Industrial
Durante o período brasileiro do Estado Novo (1937-1945), em resposta à Grande Depressão iniciada em 1929, iniciaram-se as políticas em favor da implantação de indústrias no país, que se intensificaram a partir da década de 1950, durante a aplicação do Plano de Metas. Nesse contexto, instaurou-se no país a chamada industrialização por substituição de importações.
Contudo, a infraestrutura nacional, em função da grande influência da elite cafeeira do Sudeste brasileiro nos anos anteriores, encontrava-se limitada à região Sudeste do país, o que favoreceu a formação de um processo de concentração industrial. Além disso, nesse período, a indústria vivia um período em que se preconizava a produção em massa e as chamadas economias de aglomeração.
Graças a esse contexto, o Sudeste brasileiro, com destaque para a Região Metropolitana de São Paulo, passou a angariar praticamente todos os recursos naturais, contando, a partir de então, com uma elevada concentração populacional, ampla mão de obra e mercado consumidor elevado.
Desconcentração Industrial
Essa dinâmica começou a se alterar quando o poder público iniciou uma série de planejamentos a fim de gerar uma maior democratização no espaço industrial do país. Uma das medidas foi a criação da Sudam (Superintendência de desenvolvimento da Amazônia), em 1966, e da Sudene (Superintendência de desenvolvimento do Nordeste), em 1959.