Em 1967, Martin Luther King Jr. realizou o discurso abaixo:
Para além do Vietnã
E eu sabia que a América jamais investiria as verbas ou as energias necessárias para reabilitar os seus pobres, enquanto aventuras como a do Vietnã continuassem a drenar homens, habilidades e dinheiro como uma força demoníaca e destrutiva. Então me senti cada vez mais compelido a ver a guerra como um inimigo dos pobres e a atacá-la como tal.
[...]
Os jovens negros que foram frustrados pela nossa sociedade são enviados ao Sudeste Asiático, para garantir, a mais de 12 mil quilômetros de distância, liberdades que inexistem aqui no Sudoeste da Geórgia ou no Leste do Harlem. Assim fomos repetidamente confrontados pela cruel ironia de assistir pela televisão a jovens negros e brancos morrerem lado a lado por uma nação que não permitiu que dividissem os mesmos bancos escolares. Assistimos, então, a essa brutal solidariedade que os levava a incendiar juntos as casas de uma aldeia, mas percebemos que dificilmente eles morariam no mesmo quarteirão em Chicago. Não poderia me silenciar diante de tão cruel manipulação dos pobres.
Minha terceira razão leva-me a um nível ainda mais profundo de consciência, por nascer da minha experiência nos guetos do Norte, ao longo dos três últimos anos, em particular, dos três últimos verões. Ao andar entre jovens desesperados, rejeitados e agressivos, eu dizia-lhes que coquetéis molotov e rifles não resolveriam os seus problemas. Tentei oferecer-lhes a minha profunda compaixão enquanto mantinha a minha convicção de que a mudança social se conquista de forma significativa por meio da não violência. Mas, com razão, eles perguntavam: “E o Vietnã?” Eles me perguntavam se nossa própria nação não estava usando doses maciças de violência para resolver os seus problemas, para forjar as mudanças que desejava. As perguntas atingiram o alvo, e eu soube que jamais poderia levantar minha voz outra vez contra a violência dos oprimidos nos guetos sem antes falar claramente do maior fornecedor de violência do mundo hoje: o meu próprio governo. Em nome desses rapazes, em nome desse governo, em nome dos povos
atemorizados pela nossa violência, não posso silenciar. Para aqueles que me perguntam: “Você não é um líder dos direitos civis?” e, dessa forma, desejam excluir-me do movimento pela paz, tenho a seguinte resposta. Em 1957, quando criamos a Conferência da Liderança Cristã do Sul, escolhemos como lema “Salvar a alma da América”. Estávamos convencidos de que não poderíamos limitar a nossa visão a certos direitos para os negros, mas sim afirmar a convicção de que a América jamais se libertaria de si mesma até que os descendentes de escravos fossem totalmente libertados dos grilhões que ainda carregavam. De certa forma, concordávamos com Langston Hughes, o bardo negro do Harlem, que anteriormente escreveu: Oh, sim, falo com clareza, A América nunca foi América para mim, E, no entanto, eu juro: Será, enfim!
KING JR., Martin Luther. Um apelo à consciência - Os melhores discursos de Martin Luther King. Rio de Janeiro: Zahar, 2006, p. 87-88.
Considere, agora, as seguintes assertivas:
I. De acordo com Martin Luther King Jr., havia uma grande contradição entre a luta dos EUA em nome da liberdade no Vietnã enquanto a população negra estadunidense vivia impedida do exercício pleno de sua cidadania em bairros e escolas segregadas.
II. Na luta pela não violência, Martin Luther King Jr. considerava o governo dos Estados Unidos como o maior fornecedor da violência no mundo naquele momento.
III. As críticas de Martin Luther King Jr. apontam para a impossibilidade de uma sociedade integrada entre negros e brancos nos EUA.
IV. O discurso de Martin Luther King Jr. aponta também para seus críticos que desejavam excluí-lo do movimento pela paz e o definiam como um militante apenas da causa dos direitos civis.
É correto o que se afirma em:
Escolha uma:
a.
Apenas as assertivas II e IV estão corretas.
b.
Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas.
c.
Apenas a assertiva I está correta.
d.
Apenas as assertivas I, II e III estão corretas.
e.
Apenas as assertivas I e II estão corretas.
Soluções para a tarefa
Respondido por
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I é falsa, Martin Luther King vê a guerra como um inimigo dos pobres e se opõe aos ataques americanos contra o povo vietnamita, não a considera uma "luta pela liberdade".
II é verdadeira, sendo responsável por uma infinidade de guerras em diversos países do mundo.
III é falsa, as críticas de Martin Luther King apontam problemas pontuais, e não a impossibilidade da convivência.
IV é verdadeira, e contra isto ele argumentava que era um defensor de ambas as coisas.
É correta a alternativa A;
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125
Resposta: Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas. CORRIGIDO AVA
Explicação: Conferido pelo AVA.
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