Em 1922, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro realizou-se no Teatro Municipal de São Paulo a primeira manifestação coletiva de arte moderna no país. Representantes da música, da literatura e artes plásticas expuseram seus trabalhos à apreciação pública. Ocuparam as escadarias, o saguão, o palco com agressividade raras vezes vista no belo e burguês centro da capital paulista.
[...] O Modernismo brasileiro, hoje devidamente reconhecido como um período de grande impulso e responsável pela conquista de nossa emancipação artística, conheceu vários momentos: uma fase inicial, de negação e destruição de cânones anteriores [...]; uma fase de experimentação das propostas, de produção febril e construção de uma nova estética [...]. De resto, é esse o destino da vanguarda: “A gente se revolta, diz muito desaforo, abre caminho e se liberta. Está livre. E agora? Ora essa! Retoma o caminho descendente da vida”, diz Mário [de Andrade].
REZENDE, Neide. A Semana de Arte Moderna. Ática, São Paulo, 1993, p. 7-9.
OS SAPOS (MANUEL BANDEIRA)
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os delumbra.
Em ronco que a terra,
Berra o sapo-boi:
— “Meu pai foi à guerra!”
— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”
O sapo-tanoeiro
Parnasiano aguado,
Diz: — ” Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio. [...]
BANDEIRA, Manuel. Berimbau e outros poemas. 2. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994. p. 58.
Em seu texto, Neide Rezende contextualizou a Semana de Arte Moderna de 1922. O poema "Os sapos", de Manuel Bandeira (1886-1968), foi lido na segunda noite da semana por Ronald de Carvalho (1893-1935) – Bandeira não pôde participar da Semana de 1922. Refletindo sobre os escritos de Rezende e pensando na temática e na organização estrutural do poema, é possível afirmar que a obra de Manuel Bandeira
(A)
destoa de toda a problemática proposta pela Semana de Arte Moderna, pois não é nada subversiva em relação à estética e à temática: é um poema estruturado em quadras e metrificado (sem versos livres).
(B)
reforça a opção pelo rompimento estético com os estilos literários vigentes, pois não aborda temáticas tidas como sublimes (como o amor), preferindo um tema corriqueiro e os versos livres na estruturação.
(C)
está mais filiada à fase modernista das experimentações, conforme refere Neide Rezende, do que ao rompimento com os cânones literários anteriores, já que experimenta uma temática cotidiana, mas a faz em versos metrificados.
(D)
utiliza-se, ironicamente, de uma estrutura enrijecida (quadras e versos metrificados) para criticar duramente a produção literária parnasiana, sendo, portanto, um poema de crítica aos antigos cânones, como explicou Rezende.
(E)
destoa da problemática proposta pela Semana de Arte Moderna, pois, mesmo que critique os parnasianos, o poema continuou em uma imitação estrutural das antigas formas literárias.
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A alternativa correta é a letra (B) reforça a opção pelo rompimento estético com os estilos literários vigentes, pois não aborda temáticas tidas como sublimes (como o amor), preferindo um tema corriqueiro e os versos livres na estruturação.
O poema de Manuel Bandeira pode ser considerado um poema modernista, visto que o autor rompe com os padrões estéticos da escrita da época.
O poema fala sobre uma situação da época, com os movimentos Parnasianismo e Modernismo.
A Semana da Arte Moderna ocorreu em São Paulo, com artistas que buscavam a identidade da arte brasileira.
Dentre os destaques estão Oswald de Andrade e Anita Malfatti. Ambos queriam romper com as ideias engessadas do período, como o parnasianismo.
Abraços!
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