Elizabeth Cady Stanton e Susan B. Anthony concordavam com os abolicionistas radicais, que diziam que o fim da Guerra Civil poderia ser precipitado por meio da emancipação da população escrava e de seu alistamento no Exército da União. Elas tentaram reunir um número massivo de mulheres em torno dessa posição, lançando uma convocação para que fosse organizada a Liga das Mulheres pela Lealdade. No encontro inaugural, centenas de mulheres concordaram em promover o esforço de guerra, fazendo circular petições pela emancipação da população escrava. Elas não foram unânimes, contudo, em sua reação à resolução proposta por Susan B. Anthony de associar os direitos das mulheres à libertação do povo negro.
A resolução proposta afirmava que nunca haveria paz verdadeira na república até que fossem reconhecidos na prática “os direitos civis e políticos de todos os cidadãos de descendência africana e de todas as mulheres”. Infelizmente, considerando os desdobramentos do pós-guerra, parece que essa resolução havia sido motivada pelo medo de que as mulheres (brancas) fossem deixadas de lado quando as pessoas escravizadas aflorassem sob a luz da liberdade. Contudo, Angelina Grimké propôs uma defesa principista da unidade entre a libertação negra e a libertação feminina: “Quero ser igualada ao negro”, ela insistia. “Até que ele tenha seus direitos, nós nunca teremos os nossos”.
Alegro-me imensamente que a resolução nos una ao negro. Sinto que estivemos com ele; que o ferro entrou em nossa alma. Verdade, nós não sentimos o açoite do senhor de escravos! Verdade, não tivemos nossas mãos algemadas, mas nosso coração foi arrasado.
Nessa convenção de fundação da Liga das Mulheres pela Lealdade – para a qual todas as veteranas da campanha abolicionista e do movimento pelos direitos das mulheres foram convidadas –, Angelina Grimké, como de hábito, propôs a interpretação mais inovadora da guerra, que ela descreveu como “nossa segunda revolução”:
“A guerra não é, como o Sul falsamente alega, uma guerra de raças, nem de setores, nem de partidos políticos, mas é uma guerra de princípios, uma guerra contra as classes trabalhadoras, brancas ou negras [...]. Nessa guerra, o homem negro foi a primeira vítima, o trabalhador de qualquer cor, a seguinte; e agora todas as pessoas que defendem os direitos ao trabalho, à liberdade de expressão, às escolas livres, ao sufrágio livre e a um governo livre [...] são levadas a participar da batalha em defesa desses direitos ou a sucumbir com eles, vítimas da mesma violência que, por dois séculos, manteve o homem negro como prisioneiro de guerra. Enquanto o Sul travou essa guerra contra os direitos humanos, o Norte esteve a postos para deter aqueles que apedrejavam a liberdade até a morte [...]. A nação está em uma luta de vida ou morte. Ou ela se tornará uma imensa escravocracia de pequenos tiranos, ou realmente a terra dos livres [...].”
(DAVIS, Angela. Mulheres, Raça e Classe. São Paulo: Boitempo, 2016, p. 76-77))
A partir do texto apresentado é correto afirmar que:
Escolha uma:
a.
A Guerra Civil nos EUA não tinha como um de seus dilemas principais a questão racial, mas militantes – como os descritos acima – utilizaram o conflito para popularizar a pauta abolicionista.
b.
Ao afirmar “Até que ele tenha seus direitos, nós nunca teremos os nossos”, Angelina Grimké relaciona a libertação dos negros e o direito civil das mulheres.
c.
Ao afirmar que as participantes da Liga das Mulheres “não foram unânimes, contudo, em sua reação à resolução proposta por Susan B. Anthony de associar os direitos das mulheres à libertação do povo negro”, Davis mostra como a luta contra o racismo e o machismo não podem se articular em suas diferentes pautas.
d.
Ao afirmar “A nação está em uma luta de vida ou morte”, Angelina Grimké se refere à luta das mulheres negras contra as condições de trabalho dos EUA durante a Guerra Civil.
e.
Ao longo da história dos EUA, não foi possível integrar o negro à sociedade de classes, dada a ação de grupos femininos.
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Ao afirmar “Até que ele tenha seus direitos, nós nunca teremos os nossos”, Angelina Grimké relaciona a libertação dos negros e o direito civil das mulheres.
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Resposta:
b. Ao afirmar “Até que ele tenha seus direitos, nós nunca teremos os nossos”, Angelina Grimké relaciona a libertação dos negros e o direito civil das mulheres.
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