elaborar um paralelo sobre a independência do Brasil
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Resposta:
Nos anos 1950, tornou-se famosa a análise semiológica de uma capa de Paris-Match por Roland Barthes. A edição em questão mostra um soldado negro, vestindo uniforme francês, saudando a bandeira tricolor. A conclusão do semiólogo aponta ali a existência de um discurso mítico: o colonialismo francês está presente na cor da pele do militar, mas seu sentido social está deformado, na medida em que a mensagem faz passar por harmônico o que era conflituoso1. É essa a função do mito para Barthes. Sem esconder nada, usaria das propriedades da linguagem para enganar.
Antropólogos então já debatiam o problema sob outra perspectiva. Procurava-se entender o real subjacente ao discurso mítico. Por trabalhos de autores como Malinowski e Eliade se entrevê o mito como expressão de uma verdade cuja definição não está em si, mas nas relações sociais que são sua força criativa efetiva2. É claro que, formalmente, ele se refere fabulosamente a uma história ocorrida em tempos primordiais. Não importa tanto, porém, se o evento narrado ocorreu ou não. Ela é real na medida em que ganha força modeladora do presente e do futuro.
Nesse sentido bastante restrito, as interpretações acima se aproximam. O mito como discurso mobilizador foi mais propriamente analisado em sua dimensão política por Georges Sorel, um dos responsáveis por entender a dimensão irracional das disputas sociais3. Ele sabia que o futuro não é objeto de conhecimento científico. Ainda que linhas tendenciais possam ser divisadas, o porvir é sempre incógnito, posto ser resultante de interesses antagônicos. Reside nesses princípios a força do mito em sua obra. Ele não finca suas raízes no sistema racional, mas nas emoções que desperta – instrumento por excelência da passagem dos princípios à ação.
A reflexão sobre a irracionalidade como motor da ação política – que encontra no mito uma de suas expressões consagradas – ganha especial relevância com o surgimento da produtora de extrema-direita Brasil Paralelo. A empresa do olavismo cultural falsifica o debate acadêmico e apela aos instintos mais primitivos do público que tenta alcançar. Nesta quarentena, um turbilhão de mensagens publicitárias convocava os “patriotas” a apoiarem a iniciativa em sua cruzada contra a educação brasileira. Considerá-la como produtora de mitos evidencia não apenas os mecanismos de sua atuação, mas também a função que ela cumpre no arco maior de forças que são coligidas no pacto bolsonarista-olavista, do qual faz parte.
O mito liberal
Em entrevista ao Boletim da Liberdade, Filipe Valerim, “rosto” da empresa, constrói a narrativa fundante da Brasil Paralelo. Segundo ele, a produtora criada em Porto Alegre seria resultado dos esforços de um grupo de jovens comuns que, na conjuntura da reeleição de Dilma Rousseff, toma emprestado duas câmeras, algum dinheiro a juros e uma sala de 6 metros quadrados para produzir conteúdo em defesa de um novo modo de fazer política e de uma nova forma de contar a história do Brasil. Dois anos e, imagina-se, muito trabalho depois, surgia a produtora que, de acordo com Valerim, viabiliza-se com a venda de cadastro de membros e acesso exclusivo a seus produtos educativos.
Um olhar mais de perto mostra que as coisas não são bem assim. Em 2016, ano de seu lançamento, o site da produtora anuncia a venda de 68 palestras por R$ 360 à vista ou 12x de R$ 36,14. Dentre os luminares da República que deveriam fazer o público literalmente pagar para ver estavam o então ministro da Educação Mendonça Filho, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, o clã Bolsonaro, além, claro, de Olavo de Carvalho. Deixando de lado juízo de valores sobre o gosto peculiar da audiência, há de se reconhecer a capacidade de alcançar figuras importantes, como deputados, senadores e três ministros – personalidades pouco acessíveis a pessoas comuns.
Explicação:
espero ter ajudado