Eiros
“ A leitora Elza Marques Martins me escreve uma carta divertida estranhando que ‘brasileiro’ seja o único adjetivo pátrio terminado em ‘eiro’, que segundo ela, é um sufixo pouco nobre. Existem suecos, ingleses e brasileiros, como existem médicos, terapeutas e curandeiros. As profissões de lixeiro e coveiro e carcereiro podem se respeitáveis, mas o ‘eiro’ é sinal de que elas não têm status. É a diferença entre jornalista e jornaleiro, entre músico ou musicista e roqueiro, timbaleiro ou seresteiro. Há o importador e o muambeiro. ‘Se você começou como padeiro, açogueiro ou carvoeiro’ – escreve Elza—‘as chances são mínimas de acabar como advogado, empresário, grande investidor ou latifundiário, a não ser que se dê ao trabalho político antes’. Aliás, há políticos e politiqueiros. Continua Elza: ‘Eu nunca vou chegar a colunável ou socialite se comecei como faxineira ou copeira. Você pode ser católico , protestante, maometano, budista ou oportunista ou então macumbeiro. ‘ Mas a leitora nota que o dono do banco é banqueiro enquanto o funcionário é bancário, o que pode ser um julgamento inconsciente de caráter feito pela língua. ----Elza que por sinal se considerava uma harpeira até começar a tocar numa sinfônica e virar harpista --- me sugere uma campanha nacional para passarmos a nos chamar de ‘brasilinos, brasileses, brasilenses, brasilianos, brasilitanos, brasilitas, brasileus, brasilotos ou brasilões’, o que aumentaria muito nossa auto-estima e nossas chances de chegar ao mundo maravilhoso dos americanos, belgas e monegascos.” Luis Fernando Veríssimo
1) O texto refere-se à conotação supostamente negativa associada ao sufixo- eiro nas palavras derivadas à partir de seu acréscimo.
a. Em que consiste, segundo a leitora que escreveu a Veríssimo, esse caráter negativo do sufixo?
b. Com base na comparação entre os vocábulos “ brasileiro e carcereiro”, “ coveiro”, “faxineira”, podemos perceber que o sufixo – eiro apresenta dois significados. Quais são eles?
2) A palavra “banqueiro”, a princípio, contradiz essa conotação negativa atribuída ao sufixo. Mas Veríssimo sugere que isso não corresponde de fato à verdade. Retire do texto o trecho que comprova essa afirmação e explique a crítica feita pelo humorista aos banqueiros.
3) No último parágrafo, o autor se refere à campanha nacional, solicitada pela leitura, para alternarmos o adjetivo pátrio que nos designa. Por que podemos afirmar que tal campanha é uma sugestão irônica?
Soluções para a tarefa
Olá, tudo bem?
O exercício é interpretação de texto
Em um texto cheio de eiros e banqueiros temos que nos precaver com o sentido conotativo(literal) e denotativo (figurado) das palavras, senão vamos acabar deixando a piada passar e não achar grassa no que está escrito.
Interpretar textos é assim, você precisa captar a linha, a entrelinha e a agulha com que foi construído o texto para não deixar passar nada. Tem palavra que não entende? Corre ao dicionário. Tem frase que não entende? Corre perguntar para os outros. Leia o texto várias vezes, até que você consiga fazer um resumo dele, possa falar dele e inserir outras ideias. É assim que começa a arte de interpretação de texto.
Vamos ao exercício
1) O texto refere-se à conotação supostamente negativa associada ao sufixo- eiro nas palavras derivadas à partir de seu acréscimo.
a. Em que consiste, segundo a leitora que escreveu a Veríssimo, esse caráter negativo do sufixo?
Ela considera que é um sufixo pouco nobre e cita exemplos como lixeiro,coveiro e carcereiro como profissões que não tem status. Assim, segundo ela, depois de desfiar um rosário do que ela considera péssimos exemplos terminados em eiro, não devíamos nos chamar brasileiros, mas alguma outra coisa como "brasilitas, brasileus, brasilotos ou brasilões."
b. Com base na comparação entre os vocábulos “ brasileiro e carcereiro”, “ coveiro”, “faxineira”, podemos perceber que o sufixo – eiro apresenta dois significados. Quais são eles?
Expressa a ideia de ocupação (carcereiro, coveiro, faxineira) e na formação de adjetivos a partir de nomes (Brasil - brasileiros)
2) A palavra “banqueiro”, a princípio, contradiz essa conotação negativa atribuída ao sufixo. Mas Veríssimo sugere que isso não corresponde de fato à verdade. Retire do texto o trecho que comprova essa afirmação e explique a crítica feita pelo humorista aos banqueiros.
"Mas a leitora nota que o dono do banco é banqueiro enquanto o funcionário é bancário, o que pode ser um julgamento inconsciente de caráter feito pela língua." a crítica é que a própria língua julgou os banqueiros e os colocou do lado dos eiros.
3) No último parágrafo, o autor se refere à campanha nacional, solicitada pela leitura, para alternarmos o adjetivo pátrio que nos designa. Por que podemos afirmar que tal campanha é uma sugestão irônica?
Porque diz que assim que trocarmos o adjetivo que nos define em muito aumentaria nossas chances de chegar ao mundo dos americanos, belga e monegascos.
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Sucesso nos estudos!!!