Edilson Martins
Sem temer a morte, sem a necessidade de competir, agredir, se afirmar, não
sofrendo a angústia do não ser, o índio termina por exercitar, plenamente o ato de viver.
Neste contexto se torna feliz, ri durante todo o dia. Enquanto no civilizado a plenitude
se realiza, quando acontece no universo da família, dos amigos, já que fora dele o
homem é somente um ser político, no índio essa integração assume um caráter muito
mais amplo. O índio é pleno tanto junto à sua família como também no universo de sua
aldeia.
Quando do massacre dos guarani junto aos sete povos das missões, em Santo
Inácio, território argentino, um grupo de resistência ao invasor branco lutou até o fim.
Em dado momento perceberam que seriam aniquilados. Então mataram suas esposas
e filhos. No final, os poucos lutadores que restavam lançaram-se em direção ao abismo,
recusando serem presos vivos. Pode parecer suicídio, mas não é. O índio não conhece
essa prática dos civilizados. O que ele não aceita é viver sem liberdade. Essa é uma
condição que ele não abdica já que a vida sem liberdade contraria toda sua essência,
adultera sua visão de mundo.
QUESTÕES:
1 – Comente a afirmação de Edilson Martins, quando disse que, diferentemente do que
acontece com o civilizado, o ato de viver é exercitado plenamente pelo índio.
2 – Você concorda que o autor põe em dúvida a plenitude da vida do civilizado?
Justifique.
3 – Considerando a idéia desenvolvida, no segundo parágrafo do texto acima, comente
a seguinte frase: “Hoje, mais do que nunca, precisamos optar pela vida!”
4 – Escreva uma reflexão que você teve a partir da leitura do texto: A Plenitude de viver.
5 - “E a história humana não se desenrola apenas nos campos de batalha e nos
gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais entre plantas e galinhas,
nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas,
nos namoros de esquina. Disso quis eu fazer a minha poesia, dessa matéria humilde e
humilhada, dessa vida obscura e injustiçada, porque o canto não pode ser uma traição
à vida, e só é justo cantar se o nosso canto arrasta com ele as pessoas e as coisas que
têm voz.”
Ferreira Gullar
Leia a síntese que Ferreira Gullar fez sobre sua poesia e estabeleça um paralelo
entre o que ele disse e o que está contido no texto de Edilson Martins.
Soluções para a tarefa
1) Segundo Edilson Martins, diferentemente do que acontece com o civilizado, o ato de viver é exercitado plenamente pelo índio; já que ele procura sua felicidade nas coisas pequenas da vida, baseando se na liberdade e na simplicidade.
Os índios procuram viver sem estereótipos, sem dar importância às classes sociais, raça, vestuário, riquezas, pertences pessoais, banalidades etc. como o faz o civilizado.
2) Não concordo, o autor não põe em dúvida a plenitude de viver do civilizado, ele fala das diferenças que existem no fato de viver entre os índios e os civilizados. A plenitude de viver para cada um deles radica em situações diferentes.
3) A frase: “Hoje, mais do que nunca, precisamos optar pela vida!” refere-se a que é importante que na atualidade procuremos viver mais e de uma melhor forma, com tanta tecnología, guerras, estereotipos, discriminação a humanidade têm-se olvidado de viver propriamente dito.
4) A idéia de plenitude expressa um nuance entre alma e espiritual. Assim, viver plenamente significa ter uma experiências muito intensas e profundas, preenchendo nossa alma, corpo e espírito, e em seu momento se reflete em nosso exterior na forma de cura, liberdade, prosperidade, sabedoria, etc.
5) A síntese que Ferreira Gullar fez sobre sua poesia, ao igual que o texto de Edilson Martins, falam sobre a plenitude de viver, o que realmente é a vida, onde ela se desenrola, desde o mais ordinário até o extraordinário.