Economia Ð a fronteira da cultura
Durante anos, dei aulas em diferentes faculdades da
Universidade Eduardo Mondlane. Os meus colegas profes-
sores queixavam-se da progressiva falta de preparação dos
estudantes. Eu notava algo que, para mim, era ainda mais
grave: uma cada vez maior distanciação desses jovens em
relação ao seu próprio país. Quando eles saíam de Maputo
em trabalhos de campo, esses jovens comportavam-se
como se estivessem emigrando para um universo estranho
e adverso. Eles não sabiam as línguas, desconheciam os
códigos culturais, sentiam-se deslocados e com saudades
de Maputo. […]
Aquelas zonas rurais eram, afinal, o espaço onde vive-
ram os seus avós, e todos os seus antepassados. Mas eles
não se reconheciam como herdeiros desse patrimônio. O
país deles era outro. Pior ainda: eles não gostavam desta
outra nação. E ainda mais grave: sentiam vergonha de a ela
estarem ligados. A verdade é simples: esses jovens estão
mais à vontade dentro de um videoclip de Michael Jackson
do que no quintal de um camponês moçambicano.
[...]
Numa conferência em que este ano participei na Eu-
ropa, alguém me perguntou: o que é, para si, ser africano?
E eu lhe perguntei, de volta: E para si, o que é ser europeu?
Ele não sabia responder. Também ninguém sabe exa-
tamente o que é africanidade. [...]
2 Explique quais são os elementos de culto das religiões
tradicionais africanas.
3 Quais eram as diferenças e semelhanças entre o reino
de Gana e o de Mali?
4 Qual é a importância dos griôs para as sociedades afri
canas? Justifique sua resposta.
Analise o conceito
5 O texto a seguir é do escritor moçambicano Mia Couto.
Trata de diversidade, de identidade e dos conceitos
equivocados de africanidade.
Economia Ð a fronteira da cultura
Durante anos, dei aulas em diferentes faculdades da
Universidade Eduardo Mondlane. Os meus colegas profes-
sores queixavam-se da progressiva falta de preparação dos
estudantes. Eu notava algo que, para mim, era ainda mais
grave: uma cada vez maior distanciação desses jovens em
relação ao seu próprio país. Quando eles saíam de Maputo
em trabalhos de campo, esses jovens comportavam-se
como se estivessem emigrando para um universo estranho
e adverso. Eles não sabiam as línguas, desconheciam os
códigos culturais, sentiam-se deslocados e com saudades
de Maputo. […]
Aquelas zonas rurais eram, afinal, o espaço onde vive-
ram os seus avós, e todos os seus antepassados. Mas eles
não se reconheciam como herdeiros desse patrimônio. O
país deles era outro. Pior ainda: eles não gostavam desta
outra nação. E ainda mais grave: sentiam vergonha de a ela
estarem ligados. A verdade é simples: esses jovens estão
mais à vontade dentro de um videoclip de Michael Jackson
do que no quintal de um camponês moçambicano.
[...]
Numa conferência em que este ano participei na Eu-
ropa, alguém me perguntou: o que é, para si, ser africano?
As definições apressadas da africanidade assentam
numa base exótica, como se os africanos fossem particu-
larmente diferentes dos outros, ou como se as suas diferen-
ças fossem o resultado de um dado de essência.
África não pode ser reduzida a uma entidade simples,
fácil de entender. O nosso continente é feito de profunda
diversidade e de complexas mestiçagens. Longas e irrever-
síveis misturas de culturas moldaram um mosaico de dife-
renças que são um dos mais valiosos patrimônios do nosso
continente. Quando mencionamos essas mestiçagens fa-
lamos com algum receio como se o produto híbrido fosse
qualquer coisa menos pura. Mas não existe pureza quando
se fala da espécie humana. […] Pois não há cultura humana
que não se fundamente em profundas trocas de alma. [...]
COUTO,
1. Em sua opinião, a leitura que Mia Couto faz do pas sado colonial no continente africano e das referências americanizadas no presente dos jovens moçambica nos, que os leva a um afastamento das tradições e dos patrimônios históricos locais, pode ser utilizada também na realidade atual das Américas?
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Resposta:
sim pois na América existem povos que estão reclusos
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